O presidente da República, Jair Bolsonaro negou nessa quinta-feira que tenha se referido à covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, como uma “gripezinha”. Bolsonaro usou a palavra pelo menos duas vezes publicamente, uma delas ao responder ao jornal O Estado de S. Paulo.
Durante live no Palácio da Alvorada na quinta, o presidente lançou um desafio, pedindo que apresentassem vídeos ou áudios em que ele tenha citado o termo. Bolsonaro fez o comentário ao citar estudo de universidades brasileiras, que sugerem risco 34% menor de internação em pacientes que praticam atividade física regularmente.
“Eu falei lá atrás que no meu caso, pelo meu passado de atleta, não generalizei, se pegasse o covid não sentiria quase nada. É o que eu falei. O pessoal da mídia, grande mídia, falando que chamei de gripezinha a questão do covid. Não existe um vídeo ou áudio meu falando dessa forma. Eu falei pelo meu estado atlético, minha vida pregressa”, disse o presidente no Alvorada. “Nunca fui sedentário e disse que se o vírus um dia chegasse em mim não sentiria quase nada pelo meu passado de atleta. O pessoal foi para a gozação, falaram que eu estava menosprezando as mortes, zombando.”
Diferentemente do que o presidente afirma agora, porém, ele comparou, sim, os sintomas da covid-19 a uma gripe em mais de uma ocasião.
No mês de eclosão da pandemia, em março, o presidente citou a “gripezinha”, pelo menos duas vezes, ambas gravadas em vídeos oficiais do governo federal e transmitidas ao vivo. Bolsonaro tentava evitar a paralisação de atividades econômicas e minimizava os efeitos do novo coronavírus. Só em uma delas Bolsonaro refere-se às práticas desportivas que fazia no Exército. Ele se formou em Educação Física na Força Terrestre.
A primeira vez em que Bolsonaro tratou a Covid-19 como “gripezinha” foi em 20 março, durante entrevista coletiva, no Palácio do Planalto. “Depois da facada não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, tá ok?”, afirmou Bolsonaro, ao responder questionamento do jornal O Estado de S. Paulo sobre o motivo pelo qual não divulgava de forma transparente o laudo completo de seus exames negativos para o coronavírus (à época, o presidente apenas dizia que não havia sido infectado, o que ocorreria mais tarde).
Quatro dias mais depois, Bolsonaro voltaria a citar a “gripezinha”. Usou a expressão que minimiza os riscos da doença durante pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, em 24 de março. Na ocasião, vinculou os sintomas à sua capacidade física. “No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão”, declarou o presidente, em referência ao doutor Dráuzio Varella, da TV Globo, cuja atuação motivou disputas de narrativa política por parte de apoiadores do bolsonarismo.
*As informações são da Agência Estado.