Depois de superar 55 mil casos confirmados de Covid-19, Porto Alegre chegou hoje à marca de 1,5 mil mortes em razão da doença, causada pelo novo coronavírus. Os dados se referem ao acumulado entre março e hoje.
Foram mais 14 óbitos inseridos no sistema de ontem para hoje, o que ampliou o total para 1.511, conforme a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Até ontem, o número de contaminados era de 55.305. Desses, 46.449 se recuperaram. Há outros 11.140 exames ainda em análise.
A situação, conforme o doutor em Saúde Coletiva e membro da Comissão de Política, Planejamento e Gestão da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Dário Frederico Pasche, é grave. “Podemos ter um Natal muito triste, a proximidade da temporada de verão e das festas de final de ano nos deixa ainda mais em alerta, pois temos números muito elevados e preocupantes”, ressalta.
Conforme Pasche, Porto Alegre parece estar vivendo um segundo período de intensificação da primeira onda da pandemia: “É possível que tenhamos um pico que achamos que já tinha passado. Estávamos colhendo frutos de uma menor taxa de infecção até agora, a curva chegou a baixar, mas a gente não seguiu nesse caminho e a primeira onda está se esticando e voltando a subir”.
Pasche reforça que o momento de gestão da pandemia exige uma vigilância muito crítica e frequente. “As pressões políticas e econômicas, sobretudo da área econômica, acabaram direcionando para uma volta em larga escala muito rápida, como se fosse possível retomar a mobilidade que temos sem vivenciar o efeito rebote”, pontua.
Além disso, ele declara que também é preciso cautela. “Temos que considerar que não é natural o isolamento social, somos seres que vivemos em uma cultura de reunião e confraternização, mas precisamos redobrar os cuidados”, complementa.
“Não vemos aquele receio de maio e junho”
Em uma breve análise, Pasche assinala que a população deixou “um pouco de lado” os cuidados e também as preocupações quanto à Covid-19. “As pessoas foram relaxando, não vemos mais aquele receio que pudemos observar entre maio e junho, por exemplo”, comenta.
O especialista critica o contexto atual. “Estamos vendo um processo de liberalização muito forte por parte de grupos que não são considerados de risco, como se não houvesse uma preocupação com a doença, o que vai totalmente contra a ideia de coletividade. Nós temos responsabilidades por nós e pelos outros. Claro que todos estamos esgotados, mas é neste momento que nós deveríamos reforçar alguns comportamentos voltados ao cuidado coletivo”, frisa.