Na contramão da maioria dos setores da economia, o agronegócio brasileiro tem encontrado boas oportunidades no atual cenário provocado pela pandemia de Covid-19, ainda que de maneira diversa entre as suas mais variadas culturas. Assim como o segmento de grãos, foco do relatório setorial publicado pela Bateleur (consultoria de gestão voltada a grandes corporações, com sede em Porto Alegre/RS) em junho , o segmento de proteína animal tem sido beneficiado, em todos os seus produtos exportáveis, neste momento de crise e de consequente alta do dólar. É o que atesta o relatório setorial do segmento publicado pela Bateleur. Em 2020, as exportações brasileiras de carne bovina e suína deverão crescer, respectivamente, 7,14% e 27,3%, o que corresponde ao volume de 1,69 milhão de toneladas e 836,6 mil de toneladas. Já os embarques da cadeia avícola se manterão estáveis na comparação com 2019, com 3,99 milhões de toneladas – as projeções foram feitas a partir da análise das séries históricas disponibilizadas pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Além de apresentar e discutir os números do segmento, o relatório, que tem como foco os dois estados de atuação da Bateleur – Rio Grande do Sul e Santa Catarina –, também traz projeções mais gerais para o agronegócio no cenário pós-pandemia. Segundo Ernani Carvalho, especialista que assina a análise, o segmento de proteína animal deve ganhar especial relevância daqui para frente, tanto em termos estratégicos como em relação a respostas políticas mais imediatas. “Deveremos ver uma maior preocupação global voltada a garantir a oferta de alimentos em um momento em que problemas de ordem econômica podem afetar a dinâmica das cadeias de suprimento e diminuir o nível de renda da população. Além disso, os padrões de segurança e sanidade do alimento serão o novo foco”, explica o sócio da Bateleur, lembrando que a atual pandemia tem origem relacionada ao consumo de animais silvestres na China. “Este momento revelou a grande escala da indústria chinesa derivada de animais silvestres, desde os cativeiros para criação de espécies não domesticadas até a utilização dos animais para fins medicinais e produção de peles, passando pelos inúmeros mercados de venda de animais vivos e/ou mortos e seus subprodutos em condições sanitárias precárias”, ressalta o especialista.
Projeções da Bateleur para a cadeia avícola
Terceiro maior produtor de frango do mundo atrás de Estados Unidos e China, o Brasil lidera o ranking de exportadores do produto. Em 2019, os produtores brasileiros embarcaram 4,2 milhões de toneladas para o Exterior, o equivalente a 34,4% do total mundial. Para 2020, a Bateleur projeta um cenário de estabilidade no que se refere ao comércio internacional, com 3,99 milhões de toneladas exportadas. Em um cenário mais otimista, pode haver crescimento de até 2,64% e, em um contexto mais pessimista, queda de 2,62% em relação ao volume de 2019.
Projeções da Bateleur para a cadeia bovina
Entre 2010 e 2019, o Brasil aumentou em 51,8% as vendas internacionais de carne bovina e se consolidou como o maior exportador mundial do produto. Para 2020, a Bateleur estima um crescimento de 7,14% nas exportações da cadeia bovina – o equivalente a 1,69 milhão de toneladas –, podendo variar entre 8,75%, em um cenário otimista, até 5,53%, em uma projeção pessimista.
Projeções da Bateleur para a cadeia suína
O Brasil é o quarto colocado entre os maiores produtores de carne suína no mundo (atrás de China, União Europeia e Estados Unidos) e ocupa essa mesma posição entre os maiores exportadores do produto. Para 2020, a Bateleur projeta um crescimento de 27,3%, com um total de 836,6 mil toneladas exportadas. “Para esse cenário de projeção, consideramos que, a partir de agosto, as exportações não sustentem as mesmas taxas de crescimento apresentados até agora, uma vez que entendemos que os volumes exportados no final de 2019 já foram bastante expressivos”, explica Ernani.
Relatórios setoriais
Desde maio de 2020, a Bateleur vem publicando relatórios setoriais com a análise e as projeções de seus especialistas.