Pré-candidatos à Prefeitura de Porto Alegre apresentam propostas no primeiro debate de 2020

Com foco em Educação e inovação, debate foi promovido pelo Imed de forma virtual

Foto: Reprodução/CP

De maneira inédita, em ambiente virtual, o primeiro encontro dos 13 pré-candidatos à Prefeitura de Porto Alegre foi realizado na noite desta terça-feira. Por duas horas, eles apresentaram propostas nas áreas de Educação, inovação e tecnologia. O evento foi promovido pelo Imed e parceiros. As manifestações foram divididas em dois blocos, sem réplica, tréplica ou qualquer interação entre os concorrentes.

Fernanda Melchionna (PSol) criticou os atuais salários de professores municipais e afirmou que, se eleita, ela e seu vice Márcio Chagas receberão o mesmo salário de um professor em final de carreira da cidade. Também defendeu a produção da ciência e tecnologia para o desenvolvimento do país como função do Estado. “Não reconhecer o papel indutor do Estado é negar que 94% de toda a ciência, tecnologia e inovação produzida no país vem das nossas universidades federais que estão sendo atacadas e desmontadas.”

Gustavo Paim (PP) afirmou que Educação não pode ser apenas discurso, mas sim um projeto. De acordo com o atual vice-prefeito, a pandemia escancarou a crise no ensino na Capital. Sobre a inovação, o candidato defendeu a criação de um “ambiente amigável” para os empreendedores, e disse que esta foi uma bandeira das eleições de 2016, mas que, na prática, a burocracia continua, muitas vezes custando empregos. “Temos que presumir a boa fé do empreendedor, o poder público tem que se colocar ao lado do empreendedor, e não contra ele.”

João Derly (Republicanos) afirmou que seu programa de governo passa por três pilares: um plano municipal de Educação construído a partir do diálogo; capacitação dos professores; e o contraturno escolar. Disse que o turno extra beneficiará, principalmente, famílias em situação de vulnerabilidade. Ainda apresentou propostas, como a criação de uma secretaria do idoso e da acessibilidade, o acesso rápido e digital aos serviços púbicos, a transparência na gestão e facilitação ao empreendedorismo.

José Fortunati (PTB) disse que a educação em tempo integral faz diferença no aprendizado, citando que as escolas com melhor desempenho na Capital funcionam neste modelo, resgatando o diálogo e o envolvimento com a comunidade escolar. O ex-prefeito ainda defendeu a facilitação de abertura de micro e pequenas empresas e o acesso a microcrédito para desenvolver a economia local no pós-pandemia. Também comentou que a cidade é referência em pesquisa, tecnologia e capital humano, mas que é necessário potencializar a economia do conhecimento. “Porto Alegre deve se transformar numa cidade acolhedora da inovação.”

Juliana Brizola (PDT) Juliana Brizola (PDT) também defendeu a escola em tempo integral, citando também o fortalecimento das creches, com ampliação de horários em alguns casos e funcionamento à noite. Ainda afirmou defender um grande plano de obras públicos para gerar emprego e renda na Capital, assim como atrair empresas para a cidade. “Também entendemos que é muito importante por conta de toda a pandemia o investimento na economia local, por exemplo, comprar parte da merenda escolar da própria comunidade”, comentou.

Júlio Flores (PSTU) disse que a Educação vem sendo atacada pelos governo federal, estadual e municipal, e defendeu a construção de conselhos populares. Luiz Delvair Martins Barros (PCO) desrespeitou as regras do debate de não atacar gestores e chegou a ter o áudio cortado durante sua fala. Ele afirmou não ter plano específico para a Educação municipal e defendeu a estatização de todo o ensino.

Manuela D’Ávila (PCdoB) disse que a colocação da Capital no Ideb é um reflexo da realidade que as crianças vivem. Afirmou que são necessárias ações objetivas, como o combate à evasão escolar e ao trabalho infantil, além de monitorar a aprendizagem. Ainda afirmou que Porto Alegre tem um histórico de inovação desde os anos 1990 e defendeu que mil pontos da cidade tenham Wi-Fi gratuito. “Essa cidade da inovação não pode ser a cidade em que 88% das crianças da rede municipal não têm acesso à internet nos celulares, computadores ou sequer têm computadores.”

Montserrat Martins (PV) citou seis pontos que considera importante para a Educação: avaliação, inclusão digital, alimentação, cultura da paz, aproveitamento do turno inverso e atenção aos professores, estudantes e familiares. Sobre inovação, defendeu novamente a inclusão digital e o investimento em tecnologias limpas.

Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que disputa a reeleição, defendeu a “continuidade de boas políticas” e mudanças estruturais, com ampliação da carga horária. Disse que a prefeitura foi pioneira no Brasil na contratualização no Ensino Fundamental, dando pluralidade. Falou que o principal legado de um gestor público é a construção de um modelo sustentável de parceria público privada. “Acho que um grande resultado desse esforço e desse diálogo que foi feito é hoje a gente reunir no Pacto Alegre mais de 100 instituições”, comentou.

Rodrigo Maroni (Pros) disse que a Educação sempre foi utilizada como marketing político e disse que nenhum dos pré-candidatos possui a solução para a área. Ainda defendeu que professores e guardas municipais recebam o teto salarial. Sobre inovação, disse que é importante desburocratizar o empreendedorismo e formar uma gestão transparente.

Sebastião Melo (MDB) salientou que a gestão pública precisa reestabelecer o diálogo com a comunidade escolar e a criação de salas de mediação para o ensino. Também defendeu o contraturno escolar principalmente para o reforço escolar, além de questões como cultura, lazer e esporte. Ainda disse que é necessário “tolerância zero” para a evasão escolar”. Segundo Melo, é importante melhorar os serviços e facilitar o empreendedorismo.

Valter Nagelstein (PSD) destacou que é necessário “equipar” as crianças das escolas municipais, desde o uniforme até o acesso a equipamentos tecnológicos como tablets. Também chamou a atenção para a atratividade de Porto Alegre para os jovens que saem das universidades e para os empresários. “Falta concentrar a inovação e isso só vem através das ferramentas da economia de mercado.”