O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse hoje que é favorável à tese de que estudantes universitários com condições financeiras paguem para estudar em universidades públicas mantidas pelo governo federal. Para Mourão, os valores arrecadados podem ajudar a subsidiar o ingresso de jovens menos favorecidos em instituições de ensino superior particulares.
“Uma visão que tenho de longa data é que temos gente que, podendo pagar, está dentro da universidade federal, recebendo ensino de graça. E que, uma vez formada, passa única e exclusivamente a lidar com sua vida privada”, comentou o vice-presidente ao proferir, pela internet, uma palestra organizada pelo grupo Ser Educacional, mantenedor de seis instituições de ensino superior espalhadas pelo país, além de escolas técnicas e forte presença no ensino à distância (EAD).
“Digo isto de cadeira porque minha filha e meu filho estudaram em universidades federais. E eu poderia ter pago algo. Seria normal”, acrescentou o vice-presidente ao responder a pergunta de um dos sócios do grupo educacional, que queria saber se o governo tinha alguma proposta para aumentar o número de alunos matriculados no ensino superior.
“O Estado brasileiro enfrenta uma crise fiscal grave. Uma crise que lhe dá pouco espaço para soluções que utilizem recursos públicos de forma a termos um maior gasto social”, começou respondendo Mourão, antes de acrescentar que a cobrança para universitários com melhores condições financeiras pode ser uma uma forma de compensação, ajudando o Estado a ampliar investimentos em Educação.
“É algo em que temos que pensar seriamente, sem preconceitos. Seria um recurso que poderia ser canalizado para aqueles jovens que precisam de financiamento; uma compensação muito justa. Temos que buscar espaço fiscal e fontes de financiamento. E uma fonte seria esta”, afirmou Mourão. Mesmo admitindo não ter dados precisos, o vice-presidente disse acreditar que a maioria dos estudantes matriculados nas universidades públicas tenha condições de pagar algo.
Estudantes
Para o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, a proposta de cobrança nas universidades federais reproduz o “senso comum”, demonstrando desconhecimento da realidade do ensino público superior.
Para Montalvão, o vice-presidente sugeriu uma política pública sem propor uma solução concreta e viável. “O que precisamos é de um planejamento, de um projeto para efetivar o Plano Nacional de Educação (PNE), que vai completar dez anos em 2024 e prevê a expansão do número de vagas em universidades públicas. O governo precisa é criar as condições para atingirmos as metas do plano”, disse Montalvão à Agência Brasil.