Esta é do Arabi Rodrigues, poeta e payador lá de Novo Hamburgo e o José Luiz dos Santos que tem um lote desses causos registrou inclusive em um dos seus livros.
Diz que um proprietário de funerária,conhecido pelo apelido de “Caramelo” gostava de tomar umas “canjibrinas” de vez em quando,e meio que se passava nos goles ultrapassando a cota. Pois o acontecido foi depois de uma festa onde o próprio se enfrascou e chegou na madruga em casa. A noite era fria e lá pelas cinco da matina bateram à sua porta para que fossem pegar um corpo no interior do município onde um vivente tinha se enforcado.
Mais contrariado que gato à cabresto, e com a cachola virada num tambor devido ao trago emborcado na noite, o “Caramelo” foi obrigado a se bandear com o Inspetor de Polícia, à campear o morto, sem contar que o resmungo foi grande toda a viagem.
Em lá chegando, a choradeira era grande ao redor do falecido que ainda estava dependurado no esteio do galpão.
Para retirar o defunto, precisava no mínimo, duas pessoas, uma teria que subir numa mesa ou numa escada para cortar a corda, enquanto a outra segurava o corpo. Considerando que o morto era grande e pesado, o inspetor chegou à conclusão que ele seguraria o corpo enquanto o “funebreiro” subiria para cortar a corda. E assim foi feito.
Meio tonto, o “Caramelo”subiu num andaime improvisado e se preparou para cortar a corda, quando o policial se agarrou no defunto e exclamou -” Acho que o “vivente” ainda está vivo, pois o corpo está quente e parece que o coração está batendo”!
O ” Caramelo”, pensando alto, soltou o verbo :” Só me faltava esta, agora !”
Olhares de reprovação convergiram para o alto e o mesmo se deu conta da besteira que tinha dito e remendou: -” só faltava essa. Esta faca não tá com nada!”
Ao descer o corpo, os familiares constataram que o morto estava morto mesmo e o bebum – que quase levou uma sova de laço – não perdeu a viagem.