Correios dizem que 83% do efetivo trabalha; sindicato vê 70% em greve

Categoria reclama de quebra de acordo coletivo e retirada de direitos, enquanto empresa fala que atender reivindicações custa R$ 1 bilhão

Correios garantem manutenção do Sedex mesmo com greve de servidores | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Os Correios informaram, nesta terça-feira, que a empresa opera com 83% do efetivo, apesar da paralisação realizada por funcionários da estatal a partir da madrugada. Segundo nota divulgada pela companhia, a rede de atendimento está aberta em todo o país, e os serviços funcionando.

Em diferentes localidades, no entanto, agências não abriram no horário pela manhã. Os Correios precisaram colocar em ação um plano de contingência para deslocar equipes e manter os postos em operação. Entre as medidas adotadas, o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões. Serviços como Sedex e PAC também seguem mantidos, garante a estatal.

Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), a paralisação por tempo indeterminado tinha a adesão prevista dos quase 100 mil funcionários espalhados por todos os estados do país. No balanço divulgado na tarde desta terça, o sindicato estimou adesão de 70%.

A Fentect sustenta que se trata de um movimento contra a retirada de direitos, a privatização da empresa e a ausência de medidas para proteger os empregados da pandemia do novo coronavírus. A federação se disse surpreendida com a revogação, a partir de 1º de agosto, do atual acordo coletivo, cuja vigência vai até 2021. Segundo a entidade, 70 das 79 cláusulas com direitos foram retiradas, como 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais, além de pagamentos como adicional noturno e horas extras.

A Fentect e os Correios divergem: segundo a Federação, as medidas já faziam parte do Orçamento dos Correios por integrarem acordo coletivo, não surgiram agora. A única novidade, conforme a entidade, é a solicitação de medidas protetivas por conta da pandemia e que podem ser pagas tendo em vista uma recente economia de mais de R$ 1 bilhão com ajustes, como a retirada dos pais dos servidores como dependentes do plano de saúde.

Já a estatal alega que atender às reivindicações do sindicato representa uma despesa extra de R$ 1 bilhão por ano, valor considerado “impossível” pela empresa e maior do que o lucro registrado em 2019, de cerca de R$ 102 milhões.