A reabertura das atividades econômicas em Porto Alegre segue indefinida. Na tarde desta terça-feira, o prefeito Nelson Marchezan Jr. recebeu as propostas dos empresários e realizou uma análise do documento junto com o Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus. Desde ontem, ele mantém contato com representantes de diversos setores. Não há prazo para um anúncio em definitivo. O decreto que fecha setores não essenciais da economia vigora desde 7 de julho. Desde então, a cidade nunca conseguiu atingir, em dias úteis, o índice de 55% de distanciamento social, considerado adequado a partir desse conjunto de restrições. Ontem, por exemplo, a marca ficou pouco acima de 40%.
A contraproposta entregue a Marchezan, elaborada por entidades empresariais, sugere um plano de reabertura diferente do proposto inicialmente, nessa segunda-feira, pela Prefeitura. O roteiro da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), assinado por 22 entidades, prevê o início da retomada da atividade econômica já na quinta-feira, começando pela construção civil e a indústria.
A proposta prevê que, na sexta-feira, voltem a funcionar estabelecimentos comerciais localizados em ruas, shoppings e galerias e, no sábado, os serviços de alimentação. A última etapa de liberação, na próxima segunda-feira, envolve os serviços em geral.
As empresas garantem que os setores liberados vão cumprir as regras de distanciamento, como a que prevê mesas afastadas em restaurantes e escalas de funcionários no serviço. A ideia é reavaliar, em 24 de agosto, os resultados da liberação. A diretoria da ACPA se disse confiante na compreensão da Prefeitura em torno da proposta da entidade.
Uma das sugestões da Prefeitura era fazer uma escala de funcionamento: a cada duas semanas de abertura gradativa, uma de fechamento total. Um dos diretores da ACPA, Eduardo Oltramari, considera que a proposta não é eficiente. “Nós já estamos penalizados. Já estamos com uma situação bastante confusa, bastante crítica”, pontuou. “O que nós temos que fazer é desenvolver uma retomada segura, responsável, planejada… Em sintonia com todos os procedimentos protocolares de preservação da vida, com critérios de sanidade”, sustentou Oltramari.
O presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas do Rio Grande do Sul (Fetransul), Afrânio Kieling, explicou que a entidade representa 13 sindicatos patronais filiados, que também sofrem o impacto da pandemia. “Estamos participando e apoiando porque, naturalmente, se o comércio está fechado, não conseguimos entregar”, reiterou. Conforme Kieling, o interesse da entidade é que os setores retomem as atividades.
“Temos interesse que as coisas voltem naturalmente, nós queremos que tudo tenha os protocolos de todas as garantias, ninguém está querendo fazer nada que não esteja dentro dos procedimentos. Estamos juntos porque precisamos que o comércio e a indústria comecem a trabalhar, para que a gente possa trabalhar também”, reforçou. Além disso, Kieling enfatizou que o objetivo é que as entidades empresariais e a Prefeitura possam construir uma solução conjunta. “Ninguém quer infringir nenhuma regra, estamos buscando um entendimento em conjunto”, assinalou.
Prefeitura consulta médicos antes de decidir
Na noite desta terça, o prefeito Nelson Marchezan Jr e o secretário de Saúde, Pablo Sturmer conversaram com médicos e especialistas sobre os impactos para o sistema de saúde de uma futura reabertura econômica. O debate incluiu protocolos a serem adotados em uma eventual flexibilização. De acordo com a assessoria da prefeitura, os participantes deram algumas sugestões, como a ampliação da testagem.
Além do secretário adjunto, Natan Katz, marcaram presença no encontro virtual a professora e reitora da UFCSPA, Lucia Pellanda; o professor da Ufrgs e médico epidemiologista Ricardo Kuchenbecker; o médico infectologista do Grupo Hospitalar Conceição André Luis da Silva; o professor da Ufrgs, médico de família, ex-secretário nacional de Atenção Primária do Ministério da Saúde e ex-secretário de Saúde de Porto Alegre Erno Harzheim; o diretor médico da Santa Casa, Antonio Kalil; e o professor titular de Epidemiologia da Ufrgs, Jair Ferreira.
Detalhes da contraproposta:
SETOR DA ECONOMIA | DATA DA RETOMADA | DIAS DE FUNCIONAMENTO | HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO |
Construção civil e indústrias | Quinta, 6 de agosto | De segunda a sexta | Das 07h às 17h |
Comércio em geral | Sexta, 7 de agosto | De segunda a sábado | Das 9h às 16h |
Comércio em shoppings e galerias | Sexta, 7 de agosto | De segunda a segunda | Das 12h às 20h |
Restaurantes, lanchonetes e bares | Sábado, 8 de agosto | De segunda a segunda | Das 11h às 20h |
Serviços em geral | Segunda, 10 de agosto | De segunda a sexta | Das 10h às 15h |