Rússia procurou Butantã para produção de vacina em testes, revela governo de SP

Instituto aguarda um novo contato dos russos, com respostas para algumas informações

Foto: Governo do Estado de São Paulo / Divulgação

Autoridades da Rússia procuraram o Butantã para negociar uma eventual parceria para produção de uma vacina contra o coronavírus, segundo informou hoje o presidente do Instituto, Dimas Covas. As negociações seguem em andamento. Covas disse que a parceria não é descartada, embora o Butantã já esteja associado ao laboratório da China Sinovac Biotech para o desenvolvimento da fase 3 de um imunizante chinês. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Para isso, um novo contato dos russos, com respostas para algumas informações solicitadas pelo instituto, é aguardado. Dimas Covas participou de uma entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, para tratar da situação da pandemia de Covid-19. “Fomos procurados por emissários do governo russo, porque essa vacina é feita em um instituto estatal russo. Eles queriam saber se nós poderíamos nos associar para a produção dessa vacina”, disse.

“No primeiro momento, nós dissemos ‘olha, até podemos avaliar’, porque é uma tecnologia diferente, uma tecnologia que nós não conhecemos. Precisamos ter mais dados técnicos para poder fazer essa avaliação e precisamos de dados mais concretos em relação aos estudos que já foram feitos, se já foram feitos estudos fase 1 e fase 2, enfim, conhecer melhor a vacina”, afirmou o presidente do Butantã. “Com certeza, essas informações chegarão”, complementou Covas, ao dizer também que “é muito prematuro dizer se nós descartamos uma possível associação para produção dessa vacina lá na frente.”

Covas salientou que o produto russo ainda não está na listagem da Organização Mundial de Saúde como uma das vacinas já em última fase de desenvolvimento, como outros imunizantes – entre eles, o produzido pela Sinovac.

O presidente do Butantã, entretanto, voltou a dizer nesta quarta que vê a vacina chinesa, que está sendo testada pelo instituto, como a com maior possibilidade de ter a produção iniciada primeiro, uma vez que ela usa uma tecnologia já conhecida. Covas afirmou ter expectativa de que a vacina possa começar a ser aplicada no começo do ano que vem. A eficácia da CoronaVac, como está sendo chamada, ainda é verificada. São Paulo pretende ter capacidade para produzir 100 milhões de doses do produto por ano e, por isso, arrecada doações com a sociedade civil.

Fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters nesta quarta-feira informaram que o governo russo deve aprovar o uso de uma vacina contra a Covid-19 já no mês que vem. O imunizante, do instituto Gamaleya, deve ser aplicado a profissionais de saúde na linha de frente do enfrentamento à doença.

Segundo a agência, a aprovação vai se dar em paralelo ao andamento do processo de testagem do produto em larga escala, que ainda acontece. O governo de Moscou determinou que especialistas do país façam do país o primeiro do mundo a aprovar uma vacina.