A presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Simone Leite, concedeu entrevista ao programa Direto Ao Ponto, da Rádio Guaíba, nesta manhã de quinta-feira (09). Ela ressaltou que “todas as vidas são importantes, todos os gaúchos são importantes, mas que nós não podemos dissociar a saúde da economia”. Um dos principais problemas, porém, agora são com os informais que continuam sua atuação com normalidade. “A dona Maria está com a sua loja fechada, não pode vender um guarda-chuva quando chove (…), mas os informais estão tomando conta das ruas e vendendo livremente”, relatou.
Hoje, “milhares de pessoas estão sem renda em Porto Alegre, logo as pessoas estão sem trabalhar e não tem de onde tirar o seu próprio sustento” e o fato poderá gerar um colapso social. A instituição acredita que as novas medidas restritivas são seletivas e desiguais. “Nos causa uma grande estranheza que, no entorno das pequenas feiras, nas de rua da capital, o consumidor está impedido de estacionar nessas áreas, mas nos supermercados, onde há o estacionamento privado, não há nenhum problema ao comprador”.
A presidente questiona as motivações de apenas um setor, o da economia, “ser o maior prejudicado apesar de tomar todas as medidas necessárias de proteção e ainda cumprir com todas as suas obrigações definidas em decreto”. “O prefeito (Nelson Marchezan Jr.) afirma que não é necessário construir hospitais de campanha, mas que também não temos leitos suficientes. Esse seria o motivo para fecharmos a economia?”, afirmou. Ela não vê embasamento científico que que o comércio ou da indústria são catalisadores da Covid-19.
Quando alguém está infectado em uma empresa, loja ou indústria, “há o acompanhamento mais preciso nesses espaços”, ao contrário do que se afirma. As empresas trabalham rapidamente para identificar o funcionário e retirar ele da sua convivência com os colega e ainda prestam auxílio ao seu círculo familiar. Simone também garante que a possibilidade da testagem em massa é maior quando garantida pela inciativa privada que é a “mais interessada na identificação de contaminados”.
Leite lamenta que não exista a possibilidade de diálogo com os governos estadual e municipal. “Nós só somos chamados para pagar a conta, não para sentar e tentar achar uma solução para o problema”, confessou sua inconformidade. “Nós pedimos que seja possível uma flexibilização para que apenas 25% das pessoas possam trabalhar”, relatou. A Famurs garantiu que todos da categoria são a favor de maiores restrições no comércio, mas que “inciativa privada está injetando recursos”, mas não recebe uma contrapartida.
O auxílio do Governo Federal não chegou a tempo para as empresas. “As instituições financeiras, pela burocratização do processo, estão tendo dificuldades para receber o dinheiro e repassar para quem mais precisa”, relatou confirmando sua tese ao garantir que muitos associados já fecharam seus negócios. “Muitos (empresários) aderiram aos projetos do Governo Federal, sem demitir, mas que, até por esse motivo, estão precisando demitir hoje porque não tem recursos”, afirmou.