Entregadores de aplicativos como Rappi, iFood e Uber Eats realizaram hoje uma paralisação por melhores condições de trabalho, medidas de proteção contra o risco de infecção pela Covid-19 e mais transparência na dinâmica de funcionamento dos serviços e das formas de remuneração da atividade. Em Porto Alegre, um grupo de 30 trabalhadores se reuniu na Praça da Alfândega para protestar contra as empresas do setor.
Os entregadores pedem o aumento das taxas mínimas recebidas em cada corrida e a definição de um valor mínimo pelo quilômetro rodado. Atualmente, eles recebem por entrega e pela distância percorrida. Segundo Leonardo Magri, um dos organizadores da manifestação, a pandemia do coronavírus mostrou à sociedade brasileira que o trabalho do entregador é essencial. “Se o Brasil não parou é porque ele está andando sobre duas rodas (motos e bicicletas) hoje”, ressaltou. Magriz explicou que os entregadores correm muitos riscos e recebem uma péssima remuneração. “Somos desrespeitados todos os dias pelos aplicativos. A gente não quer ser chamado de herói, só queremos nosso trabalho valorizado” acrescentou.
Conforme Magri, os aplicativos se valem de qualquer desculpa para realizar o bloqueio ou desligar. “Queremos o fim dos bloqueios e dos desligamentos sem motivo. A nossa proposta é que os entregadores que foram bloqueados indevidamente possam voltar a trabalhar”, comentou. Trabalhando há mais de um ano no sistema de aplicativo, Magri lembra que, em alguns dias, “o pessoal acaba pagando para trabalhar”. “São horas na rua, esperando o aplicativo tocar. Se não tiver taxa mínima que compense ligar a moto ou subir na bicicleta, não dá para trabalhar”, explicou.
A manifestação nacional também rendeu atos em outras capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A categoria pede ainda que as empresas de aplicativo forneçam equipamentos de segurança para os entregadores, como máscara de proteção e álcool em gel. Segundo Magri, com a pandemia da Covid-19 e o desemprego, os aplicativos passaram a ganhar “como nunca”. “Em vez do repasse do valor para quem está na linha de frente, no caso os entregadores, as empresas jogaram as taxas de entrega lá embaixo”, explicou.
A Uber Eats informou que disponibiliza de forma transparente cada taxa e valor correspondente e afirmou que não houve diminuição nos valores.
O iFood, que soma 170 mil cadastrados ativos, informou ter recebido mais de 175 mil solicitações de cadastro, só em março, e ressaltou que “nem todas as pessoas estão aptas a serem ativadas”. A empresa não opera com pontuação.
Em nota, a Rappi afirmou que reconhece o direito à livre manifestação pacífica e busca o diálogo com os entregadores parceiros de forma a melhorar a experiência oferecida aos colaboradores.