O número de internados com teste confirmado para o coronavírus voltou bater recorde, na tarde desta quarta-feira, em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) de Porto Alegre. Há 81 leitos ocupados por pacientes com a doença e outros 26 pacientes com suspeita de Covid-19 recebendo atendimento e esperando laudo. Porto Alegre já registra 58 mortes em razão do coronavírus e 2.445 casos da doença.
Até então, o pico havia sido registrado na segunda-feira, com 79 pessoas com o coronavírus internadas em leitos de UTI. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre é o que registra hoje o maior volume de pacientes – 34 pacientes com a doença. O Hospital Nossa Senhora da Conceição contabiliza 17 e o Complexo Hospitalar Santa Casa, nove.
Nesta quarta, a diretora-presidente do Hospital de Clínicas, Nadine Clausell, alertou, em entrevista à Rádio Guaíba que se o número de casos continuar aumentando na cidade, pode haver colapso do sistema hospitalar até o fim do mês. “Tenho um receio de que até o final de junho ou primeira semana de julho a gente possa ter um colapso de leitos de UTI em Porto Alegre se nada for feito”, afirmou.
A internação de pacientes em leitos de Unidades de Terapia Intensiva para adultos manteve a curva ascendente e atingiu, nesta quarta, a taxa média de 82,68%, o que significa ocupação de 506 leitos de um total de 612.
As UTI dos hospitais Independência, Restinga e Porto Alegre tinham 100% de lotação no fim da tarde, enquanto Cristo Redentor (96,55%), Vila Nova (95%) e Mãe de Deus (92,73%) atingiram quase a totalidade. Referências no atendimento ao novo coronavírus, Nossa Senhora da Conceição (85,33%) e Clínicas (80,36%) também mantinham taxas de ocupação acima de 80%.
Com 46 leitos de UTI destinados a pacientes confirmados e suspeitos de Covid-19, o Clínicas tinha 38 enfermos, ou seja, ocupação de 82,6% naquele setor. A situação também se repetia no Conceição, onde havia 21 pacientes confirmados e suspeitos, o que representa 72,4% das 29 vagas disponíveis para Covid.
O crescimento de demanda por leitos levou o prefeito Nelson Marchezan Jr. a voltar a restringir atividades. Na segunda-feira passada, o Diário Oficial de Porto Alegre publicou o decreto que fixa o horário de funcionamento de bares e restaurantes até as 23h.
Também ficou vedado, desde ontem, o funcionamento dos shopping centers e centros comerciais da cidade. Nesses locais, porém, puderam seguir funcionando farmácias, estabelecimentos de comércio e serviços na área da saúde, mercados, restaurantes e lojas de pequeno porte.
O decreto ainda restringiu o funcionamento presencial a comércios e atividades cujo faturamento seja igual ou superior a R$ 400 mil/mês. Segundo o texto, o impedimento de funcionar “não se aplica aos autônomos, microempreendedores individuais e microempresas e empresas de pequeno porte”. Serviços considerados essenciais, serviços de tecnologia (chips, consertos de computadores e assistências) e aqueles ligados a assistência de automóveis também ficarão isentos de cumprir a regra.