Incerteza no retorno do Gauchão frustra projeção econômica da dupla Gre-Nal

Clubes contavam com volta da competição para amenizar perdas financeiras

Clubes contavam com volta da competição para amenizar perdas financeiras | Foto: Lucas Uebel / Grêmio / Divulgação

As declarações recentes do governador Eduardo Leite, baseadas nos números crescentes de casos de coronavírus no Estado e o rebaixamento de algumas regiões para bandeiras que apresentam maior risco de contágio, causam apreensão na dupla Gre-Nal. O Campeonato Gaúcho era visto como o pontapé inicial de um retorno gradativo às competições, um ensaio para campeonatos maiores, como Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Mais do que isso, os clubes projetavam um quadro econômico específico com a retomada do Estadual. Porém, os últimos dias têm mudado o panorama que antes parecia favorável.

“Não digo que estou menos otimista, mas a incerteza aumentou”, admite o vice de futebol do Grêmio, Paulo Luz. Ontem, completaram-se exatos três meses desde a última partida oficial do Tricolor no Campeonato Gaúcho – dia 15 de março, vitória por 3 a 2 sobre o São Luiz. “É um processo (retomada do Gauchão) que precisa andar para a frente, mas também não pode haver um açodamento, temos que respeitar as recomendações. Agora, tem que entender que o futebol não é uma atividade somente desportiva. Hoje, se há um local de extrema segurança é um Centro de Treinamento”, exemplifica o dirigente gremista.

Paulo Luz revela que teve acesso ao protocolo preparado pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF) visando ao recomeço de jogos com segurança em relação à saúde de atletas e profissionais envolvidos nas partidas. “É algo muito bom, minucioso, detalhado”, conta. A reunião na qual a FGF, por meio do presidente Luciano Hocsman, apresentaria o protocolo ao governador Eduardo Leite, na última sexta, acabou cancelada e deve ser realizada nesta quinta.

Hoje, poucas cidades no Estado teriam condições de sediar jogos do Campeonato Gaúcho. Uma delas é Pelotas, onde há dois clubes que disputam o Gauchão (Brasil e Pelotas). “Me parece que, se houver regionalização, com todo o respeito às outras cidades que apresentam condições e estrutura, eu acredito que não teria como ser feito fora da região de Porto Alegre, com Arena e estádio Beira-Rio”, completa Paulo Luz.

O recomeço ou não do Estadual também influencia na próxima etapa do plano de contingenciamento do Grêmio, compreendida entre os dias 1º de julho e 30 de setembro. As receitas que o clube ainda tem a receber pelo televisionamento do Campeonato Gaúcho certamente serão levadas em consideração pelo Conselho de Administração nas avaliações diárias sobre o plano e suas consequências.

Situação crítica no Inter

No Inter, a situação é a mesma. Os dirigentes vivem um misto de expectativa pela volta do Gauchão e conformidade, pois entendem as novas medidas de restrição impostas pelo governo estadual. “O Inter preparou-se para um cenário de parada que poderia chegar a 90 dias. Esse prazo já chegou. Estamos muito próximos do limite”, confirma o presidente Marcelo Medeiros. O dirigente não esconde que a situação financeira é bastante crítica.

E o retorno do Gauchão poderia ao menos amenizar as perdas. Os jogadores colorados, diante da impossibilidade de estabelecer uma nova rotina de treinos, foram dispensados e se reapresentam nesta quinta-feira. Até agora, foram seis semanas de trabalhos físicos no CT Parque Gigante. Inter e Grêmio foram os primeiros clubes da Série A do Brasileirão a reiniciar os treinamentos, mas ainda não têm perspectivas de voltaram a jogar uma partida oficial.