Movimento #VidasNegrasImportam protesta em Porto Alegre

Ato começou na Redenção; mais de mil pessoas caminharam até o Largo Zumbi dos Palmares

Foto: Ana Aguiar / Rádio Guaíba

O movimento #VidasNegrasImportam voltou às ruas de Porto Alegre, neste domingo, em defesa da igualdade racial. A concentração, reunindo mais de 10 grupos ligados ao ativismo negro se concentrou, às 14h, no Parque da Redenção e, às 15h, iniciou caminhada rumo ao Largo Zumbi dos Palmares.

O ativista Matheus Gomes celebrou a presença de jovens no protesto. “Hoje, foi um ato de jovens. A maioria das pessoas que estava na rua hoje estão vindo pela primeira vez a um protesto” afirmou, em entrevista a Rádio Guaíba.

“O Brasil está vivendo uma restrição da liberdade democrática. Nós temos um governo fascista no poder e a luta mais radical que nós podemos ter neste momento é o da luta contra o racismo”, complementou. O ato, no Largo Zumbi dos Palmares, teve público de mais de mil pessoas.

Além de relatos pessoais compartilhados no ato, reforçando o entendimento de que o racismo ainda é uma realidade diária para a população, foram feitas denúncias sobre a ausência de um plano federal no combate ao coronavírus, em especial nas comunidades de periferia. Tamyres Filgueira, servidora pública, destacou que “o povo negro está sofrendo com as políticas públicas do presidente Jair Bolsonaro”, mas que isso não é novidade. “O Estado, há anos, vem aplicando políticas racistas, determinando o genocídio da comunidade negra. Hoje, na pandemia, percebemos que há um corte social: quem tem condições que de ficar no isolamento vai se proteger da Covid-19. Já quem não tem, está se arriscando na rua, para ter o que comer em casa”, compara.

O fechamento de unidades de saúde nas comunidades mais carentes de Porto Alegre e a falta de água nesses locais foram alguns exemplos das dificuldades que devem ser superadas pelos mais pobres, nesse período de pandemia, para sobreviver. “Eles preferem colocar água em um chafariz em um bairro nobre, de classe médio alta, do que levar esse recurso básico para a população periférica de Porto Alegre”, critica Tamyres.

Não ocorreram confrontos entre manifestantes ou com a Polícia durante o deslocamento do grupo. Novos atos devem ocorrer no fim de semana que vem.