O movimento #VidasNegrasImportam voltou às ruas de Porto Alegre, neste domingo, em defesa da igualdade racial. A concentração, reunindo mais de 10 grupos ligados ao ativismo negro se concentrou, às 14h, no Parque da Redenção e, às 15h, iniciou caminhada rumo ao Largo Zumbi dos Palmares.
Hoje saímos às ruas na Capital de um dos Estados mais racistas do país! Contra o racismo e a opressão: O povo preto vai fazer REVOLUÇÃO! #PoaAntirracista #VidasNegrasImportam pic.twitter.com/GecHB9yTF1
— Matheus Gomes (@matheuspggomes) June 14, 2020
O ativista Matheus Gomes celebrou a presença de jovens no protesto. “Hoje, foi um ato de jovens. A maioria das pessoas que estava na rua hoje estão vindo pela primeira vez a um protesto” afirmou, em entrevista a Rádio Guaíba.
“O Brasil está vivendo uma restrição da liberdade democrática. Nós temos um governo fascista no poder e a luta mais radical que nós podemos ter neste momento é o da luta contra o racismo”, complementou. O ato, no Largo Zumbi dos Palmares, teve público de mais de mil pessoas.
@matheuspggomes, militante do movimento negro, fala sobre a desigualdade racial no Brasil e faz um resgate da história da escravidão. "Nós não vamos aguentar a violência quietos", afirma em discurso. pic.twitter.com/jtXXA9DYzk
— Ana Aguiar (@AnaOAguiar) June 14, 2020
Além de relatos pessoais compartilhados no ato, reforçando o entendimento de que o racismo ainda é uma realidade diária para a população, foram feitas denúncias sobre a ausência de um plano federal no combate ao coronavírus, em especial nas comunidades de periferia. Tamyres Filgueira, servidora pública, destacou que “o povo negro está sofrendo com as políticas públicas do presidente Jair Bolsonaro”, mas que isso não é novidade. “O Estado, há anos, vem aplicando políticas racistas, determinando o genocídio da comunidade negra. Hoje, na pandemia, percebemos que há um corte social: quem tem condições que de ficar no isolamento vai se proteger da Covid-19. Já quem não tem, está se arriscando na rua, para ter o que comer em casa”, compara.
"R$ 600,00 no prato do trabalhador não é nada", critica a servidora pública Tamyres Filgueira, em ato contra o racismo na capital gaúcha pic.twitter.com/So7aQJ7BQS
— Ana Aguiar (@AnaOAguiar) June 14, 2020
O fechamento de unidades de saúde nas comunidades mais carentes de Porto Alegre e a falta de água nesses locais foram alguns exemplos das dificuldades que devem ser superadas pelos mais pobres, nesse período de pandemia, para sobreviver. “Eles preferem colocar água em um chafariz em um bairro nobre, de classe médio alta, do que levar esse recurso básico para a população periférica de Porto Alegre”, critica Tamyres.
Não ocorreram confrontos entre manifestantes ou com a Polícia durante o deslocamento do grupo. Novos atos devem ocorrer no fim de semana que vem.
Manifestação #VidasNegrasImportam encerra seu ato deste domingo no Largo Zumbi dos Palmares com discursos contra o racismo no Rio Grande do Sul. pic.twitter.com/gPswhE8pr1
— Ana Aguiar (@AnaOAguiar) June 14, 2020