A importância das medidas tomadas para a contenção do novo coronavírus é inegável, assim com também o são as repercussões no caixa dos clubes de futebol. Grêmio e Inter refazem as contas e procuram soluções para uma severa falta de caixa nos próximos meses. A situação é tão dramática que atrasos no pagamento dos salários de jogadores e funcionários dos dois clubes não estão descartados.
Os dois clubes dispensaram seus jogadores dos treinos e grande parte dos seus funcionários está em férias ou executando serviços a partir de casa. “É difícil fazer qualquer previsão, pois sequer sabemos quando vamos voltar a jogar. Por enquanto, estamos conseguindo suportar os pagamentos, mas não sabemos até quando vai ser possível. A situação é dramática”, enfatiza o 1º vice-presidente colorado, Alexandre Chaves Barcellos.
No Grêmio, a realidade não é diferente: “Estimamos uma perda entre R$ 20 e 25 milhões nos próximos três meses, dependendo do cenário. Vamos ter que repactuar contratos com fornecedores e acordos já existentes”, avalia o presidente gremista, Romildo Bolzan.
Ambos os dirigentes lembram que os cofres dos clubes dependem dos jogos. Só pela Libertadores, Inter e Grêmio receberiam 2 milhões de dólares nas próximas semanas − 1 milhão de dólares para cada jogo em Porto Alegre na fase de grupos. Outra receita importante vem dos associados.
Os clubes ainda não fizeram cálculos da inadimplência que virá tanto pela crise econômica quanto pela falta de jogos, mas preveem uma perda importante. “O mundo será diferente daqui a 90 dias ou 120 dias, quando essa crise do coronavírus acabar. Não sabemos quantos desempregados ou empresas quebradas teremos, mas não serão poucos”, lamenta Alexandre Chaves Barcellos.
Para completar, a janela de transferências do meio do ano, que é a mais movimentada, não deve ser de grandes negócios. Afinal, o vírus parou o futebol do mundo inteiro, inclusive seus centros mais pujantes, como Alemanha, Itália, França e Inglaterra.
“Os clubes com capacidade de endividamento terão alternativas. Quem não tiver, viverá sérios problemas. Estamos discutindo várias soluções e vamos ver como as entidades vão se comportar. Questões como o Profut, impostos e prorrogações de pagamentos terão que ser analisadas”, disse Romildo.