
A Secretaria Especial da Cultura do governo federal divulgou um vídeo no qual o titular da pasta plagia trechos de um discurso nazista. As palavras usadas por Roberto Alvim são de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler. O material, lançado no Twitter, foi gravado para lançar o Prêmio Nacional das Artes.
O conteúdo da gravação chamou a atenção pela estética com ares de nazismo. Penteado como Goebbels, Alvim copia várias falas de um discurso de 1933, realizado no hotel Kaiserhof, em Berlim. A manifestação de Goebbels era destinada a diretores de teatro. Ao fundo, escuta-se a composição ‘Lohengrin’ de Richard Wagner, músico predileto de Hitler.
Compare as falas
As falas do secretário de Bolsonaro são muito semelhantes ao que é citado em biografia de Goebbels. “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, consta na obra biográfica do nazista assinada por Peter Longerich.
No vídeo, Roberto Alvim repete expressões de Goebbels. “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, afirmou Alvim no vídeo postado nas redes sociais.
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— Secretaria Especial da Cultura (@CulturaGovBr) January 16, 2020
Críticas e reações públicas
Diversas personalidades criticaram a manifestação de Alvim, incluindo o empresário Winston Ling, que é próximo ao presidente Jair Bolsonaro e indicou Paulo Guedes ao Ministério da Economia.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), cobrou a demissão de Alvim. No Twitter, o parlamentar escreveu: “o secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo”.
O ideólogo de direita Olavo de Carvalho também criticou Alvim. “É cedo para julgar, mas o Roberto Alvim talvez não esteja muito bem da cabeça. Veremos”, escreveu no Facebook. Carvalho é chamado de “guru” do presidente Jair Bolsonaro.
“Coincidência retórica”
No Facebook, o secretário especial da Cultura disse que houve uma “coincidência retórica” e que não citou Goebbels. “Foi apenas uma frase do meu discurso na qual havia uma coincidência retórica. Eu não citei ninguém”, explica. “O trecho fala de uma arte heróica (sic) e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro, não há nada de errado com a frase”, completa Alvim.