O conflito entre Irã e Estados Unidos está longe de terminar, segundo Marcelo Suano, doutor em Ciência Política. Em entrevista ao programa Bom Dia, ele apontou que não há como colocar um fim definitivo ou pacificar a relação entre os dois países neste momento.
“O que se imagina é que não vai ocorrer um embate direto. Todos perdem com um confronto: Estados Unidos e Irã. O Irã não tem condições propriamente ditas de fazer esse embate direto contra os americanos”, pondera Suano.
Para o cientista político, não há como a crise se diluir, a menos que aconteça a queda do governo iraniano. Suano destaca que quando os norte americanos, sob ordens do presidente Donald Trump, abateram o General Qasem Soleimani, a população iraniana encontrou um elemento de unificação contra os Estados Unidos.
“Mas, a falha humana que derrubou o avião, curiosamente, foi um tiro no pé dado pelo governo iraniano. Nesse momento, é possível imaginar que cada vez mais o governo não tenha o apoio da população”. No entanto, ele salienta que não há como prever, a curto prazo, a queda do regime, entretanto, a queda do avião foi um momento crucial. A população considerou que o governo demorou para reconhecer o erro. Externamente, as explicações foram vistas como positivas, mas internamente o povo não aceitou.
Mudança de regime
Para o cientista político, não há como imaginar o Irã retornando ao modelo pré-revolução de 1979 sem derramamento de sangue. Suano destaca que o Irã é um regime muito diferente do que se vê no Ocidente. “Não ocorre separação entre Estado e religião e quando se tem uma fusão entre Estado e religião, o Estado engole o Governo. Não há como imaginar uma mudança desse regime sem derramamento de sangue. Mas, é interessante ver que temos questionamentos da população sobre o regime’.