A escassez de chuvas em diversas regiões do Rio Grande do Sul, que já trouxe prejuízos para as lavouras de milho e para o cultivo da uva, começa a preocupar também os produtores de soja. A apreensão aumenta na medida em que a oleaginosa começa a entrar na etapa de florescimento. Segundo o presidente da Aprosoja/RS, Luis Fernando Fucks, o clima “ligou o sinal de alerta” para as lavouras da região Noroeste do Estado.
“O produtor está em uma situação de apreensão porque o prognóstico de chuvas melhores é só em torno de dez dias”, comenta o dirigente. As chuvas ocorridas nos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro tiveram volumes pequenos nas regiões produtoras, de 5 a 10 milímetros em algumas localidades. Um fator positivo foi a queda das temperaturas nos últimos dias, o que, segundo Fucks, impediu um prejuízo ainda maior. Antes disso, em muitos municípios houve registros de temperaturas máximas acima dos 40ºC.
Em Cruz Alta, na região Noroeste, o presidente do Sindicato Rural, Daniel Jobim Badaraco, afirma que perdas já foram constatadas no cultivo de milho, em especial nas lavouras de sequeiro, com quebra de 60% em alguns casos. Na soja, as perdas ainda não foram contabilizadas. “Mas certamente (a estiagem) abalou o potencial produtivo da cultura”, afirma o dirigente, ressaltando que o desempenho das lavouras deve ficar abaixo do registrado no ciclo passado.
No município, as chuvas também vêm sendo consideradas insuficientes. Em uma mesma localidade foram registrados 35 milímetros em dezembro, enquanto que no ano passado, no mesmo período, a marca foi de 270 mm. “Se não chover nos próximos dias, vai se agravar muito o quadro de estiagem na região”, teme Badaraco.
Segundo a Emater, o plantio da soja alcançou na última semana 99% da área prevista para esta safra, que é de 5,978 milhões de hectares. Das lavouras já semeadas, 85% estão em desenvolvimento vegetativo, 14% em floração e 1% em enchimento de grãos. No início do ano passado, o índice de floração era de 19%. A condição climática provocou problemas no desenvolvimento da oleaginosa em parte da região das Missões, conforme a Emater.
A preocupação com o clima repercutiu também em Brasília. O deputado Heitor Schuch, que preside a Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, informou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, da estiagem observada no Rio Grande do Sul. O parlamentar também solicitou reunião emergencial da bancada gaúcha com entidades ligadas à agricultura para que o quadro do momento seja atualizado, o que deve ocorrer nos próximos dias.
O deputado defende, além de medidas emergenciais, um plano de infraestrutura que inclui ações preventivas, como a construção de açudes, barragens, sistemas de retenção da água e irrigação.