O governo da Argentina confirmou nesta quarta-feira que concedeu status de refugiado ao ex-presidente boliviano Evo Morales, o que descarta a hipótese de extradição.
Fontes da Casa Rosada confirmaram à Agência Efe, da Espanha, a condição de Morales na Argentina depois de o Ministério Público da Bolívia expedir um mandado de prisão contra o ex-presidente, acusado pelo governo interino de Jeanine Áñez de insurreição e terrorismo.
Morales chegou ao aeroporto internacional de Ezeiza, um dos principais que atendem Buenos Aires, na última quinta-feira, vindo de Cuba. Já no local, pediu refúgio ao governo da Argentina, segundo a Direção Nacional de Migrações.
Até então, nenhum órgão do governo de Alberto Fernández, que tomou posse há pouco mais de uma semana, havia falado oficialmente sobre a solicitação feita pelo ex-presidente da Bolívia.
Refúgio evita extradição
O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Felipe Solá, explicou na última quinta-feira que não há possibilidade de extraditar uma pessoa que pede refúgio no país.
A informação repassada pelo chanceler consta também no Guia da Comissão Nacional para os Refugiados, órgão ligado ao Ministério do Interior.
O documento salienta que entre os direitos dos refugiados está a garantia de que “não serão expulsos ou extraditados para países onde sua vida, integridade, liberdade ou segurança estejam em perigo”.
Processo contra Morales na Bolívia
Áñez apresentou em novembro uma denúncia ao Ministério Público contra Morales. No processo, ele é acusado de incitar a violência contra o governo interino a partir do México, primeiro país a recebê-lo depois de renunciar ao cargo de presidente por pressão das Forças Armadas da Bolívia.
Morales chegou à Argentina dois dias depois da posse de Fernández. No domingo, o peronista recebeu o ex-presidente da Bolívia para um jantar, que também contou com a presença de Cristina Kirchner.
Além de Morales, fugiram para a Argentina o ex-vice-presidente da Bolívia Álvaro García Linera e o ex-chanceler Diego Pary.