Greve chama a atenção para a importância da fiscalização nos postos de divisa

Foto: Marcelo Guimarães

A greve dos servidores da Secretaria da Agricultura (Seapdr) traz à tona a preocupação referente ao aumento do risco de entrada de novas pragas agrícolas no Estado. Isto porque devido à paralisação, iniciada há quase três semanas, as cargas vegetais que entram e saem do Estado não estão sendo fiscalizadas nos postos de divisa, localizados nas fronteiras entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Segundo levantamento da Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro), a média é de 587 cargas por mês fiscalizadas nas barreiras de Vacaria e de Marcelino Ramos.

“O trabalho desenvolvido nos postos de fiscalização se propõe a buscar preservar a sanidade agrícola do Estado de novos problemas e do aumento da incidência daqueles que já existem, por meio de uma das ferramentas da defesa sanitária que é a vigilância no trânsito de cargas vegetais que ingressam em solo gaúcho, que deveria ser ampliado e fortalecido diante da relevância do agronegócio para o Estado”, explica a engenheira agrônoma Liese de Vargas Pereira, diretora da Afagro.

O Rio Grande do Sul tem seis postos de divisa. Entretanto, somente dois deles fazem barreira de forma permanente, ou seja, 24 horas por dia. São os postos de Vacaria e de Marcelino Ramos. Considerando esta realidade, nos últimos 30 dias antes da greve (26/10 a 25/11), nestes locais foram fiscalizadas 168 cargas com produtos vegetais potenciais veiculadores de pragas regulamentadas. Nestes caminhões, há todo tipo de produto vegetal, como maçã, banana, citros, mudas, sementes e até agrotóxicos.

Estes números mostram o volume estimado de cargas que, durante a greve, estão passando pelas fronteiras entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina sem fiscalização, cenário que ocorre devido à falta de valorização dos servidores públicos em geral, incluindo os fiscais estaduais agropecuários e os técnicos agrícolas. A fiscalização agropecuária desempenha papel fundamental no controle dos processos de certificação fitossanitária de quatro pragas quarentenárias presentes no Estado: cancro europeu das pomáceas (maçã); pinta preta e cancro cítrico (cítros); e sigatoka negra (banana).

O serviço oficial também monitora outras 17 pragas, como plantas invasoras, fungos, insetos e bactérias que podem afetar culturas importantes como a soja, o milho e o fumo. “A greve deflagra o quanto é grave os reveses que tal serviço e os servidores que o executam tem sofrido nos últimos anos, como diminuição de diárias e de combustível, de recursos humanos, falta de investimento para a melhoria da infraestrutura dos postos fiscais, salários atrasados, parcelados e congelados, direitos ameaçados e falta do reconhecimento efetivo da importância destes trabalhos e dos servidores que os executam”, avalia Liese.

Números – 30 dias antes da greve

Vacaria: 100 cargas (a maioria maçã, entre outros)

Marcelino Ramos: 68 cargas (a maioria banana e citros, entre outros)

Total: 168 cargas com produtos vegetais potenciais veiculadores de pragas regulamentadas foram fiscalizadas antes de ingressar no RS

Período: 26/10 a 25/11 – 30 dias antes da greve

Acumulado do ano: 5872 cargas fiscalizadas nas barreiras

Média: 587 cargas/mês fiscalizadas nas barreiras

Período: 01/01/2019 a 31/10/2019