Os cortes de árvores em Porto Alegre dividem opiniões. Uma das capitais mais arborizadas do país, segundo o mais recente Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital gaúcha conta com 82,7% de domicílios urbanos em vias públicas com árvores, distribuídas em ruas, praças e parques. Algumas supressões surpreendem moradores, fazendo a Equipe de Manejo Arbóreo (EMA) da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) ter o trabalho questionado.
Uma das marcas da cidade, neste quesito, são os túneis verdes, formados por árvores inclinadas e em sequência. São áreas declaradas, por decreto municipal, de uso especial e que fazem parte do Patrimônio Cultural, Histórico e Ecológico de Porto Alegre.
A rua da República, no bairro Cidade Baixa, uma das 51 onde existem túneis verdes, passou recentemente por podas que causaram certo alvoroço. “Ficou horrível. O que deixava a rua mais bonita era justamente o efeito que essas árvores causavam”, opina Marciano Charão, que trabalha em um estacionamento na via.
Já o proprietário de uma banca de revistas ali perto, Antônio Padula, discorda. “Acho que poderiam arrancar tudo. Tem risco de cair, sem falar nas folhas que caem nas telhas e entopem as calhas”, frisa.
O secretário da SMSUrb, Ramiro Rosário, explica que o trabalho é preventivo. “A nossa gestão dobrou o número de equipes e ampliou as podas e supressões de árvores de 400 por mês para mais de 1,8 mil. Isso nos possibilita, hoje, realizar uma série de atividades para minimizar o risco de queda em dias de temporal e também contribuir com a visibilidade dos espaços e a segurança pública em Porto Alegre”, esclarece. Ainda segundo o secretário, todas as ações da secretaria são realizadas sob o comando e a supervisão de engenheiros agrônomos e biólogos para que tudo ocorra dentro dos limites legal e ambiental.
Desde o dia 5 deste mês, uma ação de podas e supressões preventivas de árvores passa por ruas do bairro Azenha. No roteiro, as ruas 20 de Setembro, Marcílio Dias, General Caldwell, Barão do Triunfo, Visconde do Herval e Botafogo, e a praça Princesa Isabel, localizada entre as avenidas da Azenha, Princesa Isabel e Bento Gonçalves. As ações foram solicitadas pela Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (CEDECONDH) da Câmara de Vereadores.
Pelo menos uma praça por semana recebe serviços de poda, levantamento de copa, reequilíbrio, retirada de galhos secos, controle de erva-de-passarinho e remoção. Todas as demandas de manejo arbóreo, segundo a SMSUrb, devem ser registradas por meio do Sistema Fala Porto Alegre 156, via telefone, ou app Eu Faço POA, comunicando os técnicos para que possam agendar vistorias e futuras intervenções.