Mesmo com previsão de PIB menor que o deste ano, 2020 deve duplicar a criação de empregos no Rio Grande do Sul. A estimativa é da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), que divulgou hoje o balanço anual de atividades. Além da criação de empregos, a entidade projeta que o crescimento da economia brasileira tenha como principal vetor a manutenção da expansão do mercado consumidor interno.
Com PIB estimado em 2,6% para 2019, o Rio Grande do Sul deve fechar o ano que vem abaixo dessa marca, na casa dos 1,8%. Ainda assim, se mantendo em consonância com os índices nacionais, com crescimento esperado de 2% para o ano que vem. Para o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, essa perspectiva de queda não é alarmante: “é muito pouco, na prática, não muda muita coisa”, disse.
Petry ainda reforçou que a economia depende da política, que costuma andar em ritmo mais lento: “o ano de 2019 foi um ano de começar a arrumar a casa. Se esperava que fosse arrumada mais rápido, mas depende do Parlamento, e ele anda mais devagar que a economia. Os trens do parlamento e do judiciário são mais lentos que o da economia real”, disse, complementando que “no ano que vem deve-se engatilhar a resolução das coisas”, a fim de que a economia seja puxada para a frente.
Quanto às vagas de trabalho, 2019 criou cerca de 574 mil empregos no país, 15,6 mil deles no RS. Para o ano que vem, a expectativa é de que sejam abertas 702 mil vagas em todo o País, 37,7 mil em solo gaúcho – mais do que o dobro deste ano, e bem acima do ritmo de crescimento no restante do País. Os serviços, mais uma vez, puxarão esse índice por aqui, com retomada significativa no setor da indústria.
André Francisco Nunes de Nunes, economista-chefe da Fiergs, exemplificou o porquê do crescimento de empregos mesmo com um PIB estagnado: “a gente teve 2019 como ano de crescimento bom no PIB, mas o emprego não veio tão forte. Como a gente vai ter vários anos de crescimento, apesar de a taxa não ser maior, vai ser ano de crescimento em cima do outro ano de crescimento, e a gente vê os impactos positivos disso no mercado de trabalho”, explicou.
Resultado “morno”
A guerra comercial entre EUA e China é um dos elementos responsáveis por afetar os números em nível nacional. Além disso, a expectativa é de que os próximos anos tragam um período de desaceleração econômica global, situação já apontada pelo enfraquecimento da economia em nível mundial. Para os especialistas da Fiergs, entretanto, “o pior para o Brasil já passou”.
A economia brasileira deve crescer cerca de 1,1% neste ano, bem abaixo da expectativa criada no fim do ano passado, que era de 2,8%. A queda da demanda externa, o patamar elevado das taxas de juros e a incerteza em relação à aprovação da reforma da Previdência puxaram esse índice para baixo, dizem os economistas. Para 2020, o PIB brasileiro está estimado em 2% (1,4% no pior e 3% no melhor cenário), 0,9 ponto percentual a mais que o de 2019.
Já a a economia gaúcha cresce mais que a brasileira neste ano, puxada por uma boa safra de grãos e bom desempenho da indústria de transformação ainda no primeiro semestre. O índice pulou de 1,1%, no ano passado, para 2,6% em 2019. Já o ano que vem projeta. segundo os números da Fiergs, crescimento médio de 1,8% (0,9% no pior e 2,9% no melhor dos cenários), quase igualando o patamar nacional.
Entre outros fatores apontados pela Fiergs para a estagnação do crescimento incluem a tragédia de Brumadinho, que freou a indústria extrativa e, no RS, a desaceleração no setor automobilístico no segundo semestre, por exemplo. Na prática, 2020 deve seguir os passos de 2019, sendo um ciclo de retomada do processo de recuperação, lento, gradual e sujeito a oscilações.