“Racismo Nutella”: presidente da Fundação Palmares fala que escravidão foi “benéfica”

Em redes sociais, Sérgio Nascimento de Camargo também defendeu a extinção do feriado da Consciência Negra

Foto: Reprodução/Facebook

O novo presidente da Fundação Palmares, instituição ligada à Secretaria Especial de Cultura, afirmou em redes sociais que, no Brasil, existe um “racismo Nutella”. Sérgio Nascimento de Camargo também defendeu a extinção do feriado da Consciência Negra, afirmou que a escravidão foi “benéfica para os descendentes” e declarou apoio irrestrito ao presidente Jair Bolsonaro. Ele ainda atacou personalidades como a ex-vereadora do Rio Marielle Franco e a atriz Taís Araújo.

A nomeação é parte de uma série promovida pelo novo secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, no Diário Oficial da União desta quarta-feira.

De acordo com o Decreto N.º 6.853, de 15 de maio de 2009, que regulamenta a Fundação Cultural Palmares, consta que a finalidade da instituição é “promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira”.

Entre os objetivos, está o de “apoiar e desenvolver políticas de inclusão dos afro-descendentes no processo de desenvolvimento político, social e econômico por intermédio da valorização da dimensão cultural”.

No Facebook, onde atualiza a conta diariamente, o jornalista e novo presidente da instituição disse, em setembro de 2019, que “Racismo real existe nos EUA”. “A negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda”.

Em outra postagem, em novembro, ele defende a extinção do Dia da Consciência Negra. “O Dia da Consciência Negra é uma vergonha e precisa ser combatido incansavelmente até que perca a pouca relevância que tem e desapareça do calendário.”

“Negro de direita, contrário ao vitimismo e ao politicamente correto”, descreve-se, na biografia do Facebook. “Esquerdistas cagam a rua e enfiam crucifixos no ânus. Mas para eles desrespeito é a direita usar a palavra denegrir”, cita, em outro post.

Utilizando o perfil da pessoa com quem disse estar em um “relacionamento sério”, via rede social, Camargo disse que atuação dele à frente da Fundação “será norteada pelos valores e princípios que elegeram e conduzem o governo Bolsonaro”.

O presidente anterior da Fundação Palmares, nomeado já no governo Bolsonaro, era Vanderlei Lourenço, advogado, e que desde 2015 era coordenador-geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra, pertencente à instituição. Entre as ações dele no cargo, em 2019, Lourenço lançou o “II Prêmio Oliveira Silveira – Infantojuvenil”, que teve como propósito reverenciar obras literárias inéditas e ilustradas que incorporem elementos da cultura afro-brasileira. As inscrições no edital se encerraram em 22 de julho.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Especial de Cultura, que respondeu via assessoria apenas que as mudanças de equipe publicadas hoje no Diário Oficial da União (DOU) visaram “garantir maior integração e eficiência à pasta”.