Carnes, fumo e produtos florestais foram o destaque das exportações do agronegócio gaúcho no terceiro trimestre de 2019, enquanto que o principal produto exportado pelo setor, a soja, sofreu queda no período. Os dados fazem parte de levantamento divulgado ontem pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria do Planejamento, que passa a ser feito uma vez a cada três meses. Em valores, as exportações totais do agronegócio gaúcho ficaram em 3,156 bilhões de dólares no último trimestre, o que representa um incremento de 5,7% na comparação com igual período do ano passado. Porém, no acumulado do ano, houve queda de 7,8% na receita, que chegou a 8,369 bilhões de dólares.
A China, que segue sendo o maior comprador de produtos agropecuários do Estado (destino de 41,8% do total exportado de janeiro a setembro), exerceu influência em diversas cadeias produtivas. Segundo o economista Sérgio Leusin Jr, um dos responsáveis pelo estudo, o surto de peste suína africana fez com que o gigante asiático aumentasse as compras de carne, ao mesmo tempo em que a demanda pela soja – também utilizada na alimentação do rebanho – reduziu. A elevação das exportações de produtos florestais, sobretudo celulose (alta de 184% no trimestre), deve-se principalmente aos embarques para China e União Europeia. No caso do fumo, o aumento da produção gaúcha – 4,2%, segundo o IBGE – explica em parte o desempenho, porém foi a expressiva elevação da demanda chinesa, de 744% em valores, que chamou mais a atenção.
No segmento de carnes, a avicultura conta com a maior participação nas exportações, seguida pela suinocultura e, em terceiro, pela bovinocultura. Segundo Leusin Jr, o período destacou-se também por um aquecimento nos preços, em especial da carne suína, provocada pelo aumento da demanda no mercado internacional. A estimativa é de que os embarques permaneçam em alta no quarto trimestre, tendo em vista a recente habilitação de novos frigoríficos para exportação à China.
Número de empregos caem no trimestre
O DEE também apresentou os números relacionados ao emprego no agronegócio. No trimestre, houve queda de 9 mil vagas no Rio Grande do Sul, com um estoque de 320 mil empregos em setembro. O desempenho está relacionado à característica sazonal da atividade agropecuária. No acumulado do ano, o salo é positivo, de 647 postos de trabalho. De janeiro a setembro de 2018, porém, o saldo era maior, de 4,1 mil vagas.
O setor de máquinas agrícolas apresentou o maior salto em 2019, com mais de 1,1 mil empregos. Segundo o economista Rodrigo Feix, a tendência para o quarto trimestre é de estabilidade. O agronegócio é responsável por 20% da geração de empregos na indústria da transformação. “É uma participação expressiva e tem uma especial importância, dada a distribuição desse emprego no território. Não é tão concentrada na região Metropolitana, o que é importante para a dinâmica das economias regionais”, observa Feix.