Desvios na gestão Piffero ultrapassaram R$ 13 milhões, aponta MP

Investigação apontou desvios de R$ 13 milhões em obras e na contratação de, ao menos, cinco jogadores durante a gestão Piffero.

Ministério Público apresentou detalhes de denúncias contra ex-dirigentes do Internacional | Foto: Cristiano Silva/Rádio Guaíba
Ministério Público apresentou detalhes de denúncias contra ex-dirigentes do Internacional | Foto: Cristiano Silva/Rádio Guaíba

O Ministério Público apresentou, nesta terça-feira, duas denúncias contra dirigentes da gestão 2015/2016 do Sport Club Internacional. A investigação será destinada à 17ª Vara Criminal da Porto Alegre. O caso está a cargo do promotor Flávio Duarte, da Promotoria de Justiça Especializada Criminal da Capital.

Pelo menos doze pessoas foram denunciadas por crimes cometidos dentro dos departamentos de finanças, patrimônio e futebol. Entre elas, o ex-presidente Vitorio Piffero e o ex-vice-presidente Carlos Pellegrini, responsável pela gestão do futebol.

A chamada Operação Rebote apontou desvios superiores a R$ 13 milhões no clube. Em coletiva de imprensa, o procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen, destacou o ineditismo da apuração. “Talvez seja um dos primeiros casos de uma investigação mais profunda dentro de um clube de futebol no Brasil”, apontou.

CONFIRA OS DETALHES:

Obras não realizadas

A primeira denúncia aponta os crimes de organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro e falsidade documental relacionados a obras não realizadas. Conforme as investigações, entre fevereiro de 2015 e dezembro de 2016, em 200 oportunidades, os acusados obtiveram para si R$ 12,8 milhões em prejuízo ao Internacional. Foram denunciados o ex-presidente Vitorio Piffero; os ex-dirigentes Pedro Affatato, Emídio Marques Ferreira, Carlos Eduardo Marques; e os empresários da construção civil e contabilidade Ricardo Bohrer Simões e Adão Silmar de Fraga Feijó.

A investigação apontou que os envolvidos teriam induzido em erro funcionários da administração do clube e atestarem obras que não ocorreram. Para tanto, utilizaram artifícios administrativos e contábeis, entre eles a apresentação de notas fiscais e documentos fraudulentos.

Lavagem de dinheiro

Pedro Affatato teria ocultado, pelo menos, R$ 3,3 milhões. O ex-dirigente foi denunciado por realizar depósitos para a Sinalizadora Rodoviária Ltda – Sinarodo, da qual era sócio-administrador. Affatato e outros dois envolvidos também teriam lavado outros R$ 2,4 milhões em contas de quatro empresas. Emídio Marques Ferreira, por sua vez, teria desviado R$ 53,4 mil para sua conta pessoal, bem como para a de sua empresa.

Núcleo do futebol

A segunda denúncia é contra o então vice de Futebol, Carlos Capparelli Pellegrini, o técnico Paulo Cezar Magalhães, os empresários Rogério Luiz Braun, Giuliano Pacheco Bertolucci, Fernando Luis Otto e Carlos Alberto de Oliveira Fedato. Pellegrini obteve mais de R$ 230 mil como comissões para efetivar a contratação dos jogadores Paulo Magalhães (sobrinho do técnico denunciado), Cláudio Winck, Alisson Becker, Ariel Nahuelpan e Réver.

A lavagem do dinheiro obtido ilegalmente também passou por triangulações financeiras semelhantes às praticadas pelo outro núcleo. Todos foram denunciados por estelionato, e Carlos Capparelli Pellegrini, Paulo Cezar Magalhães, Giuliano Pacheco Bertolucci e Carlos Alberto de Oliveira Fedato também devem responder lavagem de dinheiro.