Além de ter protocolado o pedido de soltura do vereador André Carús (MDB), a defesa do parlamentar ingressou com uma solicitação, no Fórum Central de Porto Alegre, para levar o processo à análise do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. O advogado Jader Marques pretende buscar guarida no foro privilegiado ao remeter a ação à Suprema Corte. A brecha encontrada envolve atos da ex-servidora de Carús, que expôs o caso, mas em outro processo citou o deputado federal Márcio Biolchi (MDB). Reeleito para a Câmara Federal, Biolchi detêm prerrogativa de foro, o que levou o caso para o STF. O Judiciário ainda não se manifestou sobre os recursos da defesa.
Nesta quinta, Jader Marques confirmou que a equipe de Carús contraiu empréstimos para ajudá-lo a sair de uma “situação de dificuldade financeira”. O advogado garantiu, no entanto, que esses valores foram tomados por livre e espontânea vontade, sem intervenção do político. Desde terça-feira, Carús permanece preso, temporariamente, pela suspeita de extorquir os assessores.
Jader Marques ressaltou ainda que o vereador licenciado teve uma briga com esta ex-funcionária que depois passou a ser considerada uma “feroz adversária” de Carús. Os motivos do desentendimento ainda não foram esclarecidos pela defesa do vereador. Ela trabalhou com o vereador, durante anos, desde os tempos em que o emedebista dirigia o DMLU.
“Aconteceram empréstimos sim, mas se analisarmos o depoimento da denunciante com o de outro cidadão, que está do lado do vereador, a ênfase é diferente. Quem apoia e compartilha das mesmas ideias de Carús, disse que isso (empréstimos) nunca foi obrigatório, nem nada, era uma alternativa para todos encontrarem uma saída. Agora, a denunciante, ela conta isso com um outro ‘colorido’, vamos usar essa expressão”, declarou Marques.
Quebras de sigilo
Também hoje, a Polícia Civil encaminhou um pedido de quebra de sigilos bancário e fiscal de André Carús (MDB) e de outros dois presos, que foram indicados pelo emedebista para atuar na Prefeitura em cargos de confiança.
A investigação pediu ainda a quebra dos sigilos bancários de outras pessoas ligadas ao parlamentar. Os nomes e cargos não foram divulgados para não atrapalhar os trabalhos, ressaltou o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Marcus Viafore.
Cooperativa de crédito se manifesta
Já a cooperativa Municred, que liberou os financiamentos consignados após os assessores terem entrado com pedidos de licença-saúde, a fim de acelerar o processo de liberação do dinheiro, se manifestou em nota. A financeira disse que colabora com as investigações e reiterou que sempre seguiu os princípios do cooperativismo e as regras do sistema financeiro exigidas pelo Banco Central.
Na Câmara de Vereadores, a presidente, Mônica Leal, confirmou ontem ter aberto uma sindicância interna para investigar a situação.
Veja a nota liberada pela Municred:
A MUNICRED, cooperativa de crédito com mais de 17 anos de história e atendimento aos 4 mil cooperativados, sempre seguiu todos os princípios do cooperativismo e as regras do sistema financeiro exigidas pelo Banco Central.
Quanto aos últimos acontecimentos que envolveram o nome da instituição, destacamos que todas as operações financeiras realizadas pela cooperativa atendem às exigências do Banco Central, tanto que em recente auditoria realizada pelo órgão federal não foi apontada qualquer irregularidade nas operações. Ademais, todas as operações sempre respeitam as regras da política de crédito estabelecidas.
A MUNICRED ressalta que está colaborando com as investigações e fica à disposição de seus Cooperados para esclarecer qualquer dúvida.
Seguiremos atuando com ética e profissionalismo, amparados na autorização do Banco Central.