As superstições existem desde que o mundo é mundo, e crendices de toda sorte resistem até hoje, mesmo sem comprovação científica de que realmente funcionem. Para o folclore, crendice é toda aquela crença em coisas que a lógica não explica. Já a superstição é essa mesma crença envolvendo o medo de conseqüências.
Por exemplo, virar a vassoura atrás da porta para a visita ir embora é uma crendice. Já acreditar que o gato preto dá azar, é superstição, já que envolve o medo de ter má sorte. De forma simplificada, quando se diz ‘não presta’ é superstição; quando apenas se acredita, sem medo, é crendice.
Crendices e superstições: bater na madeira
O costume de dar umas ‘pancadinhas’ na madeira para espantar o azar já existia entre vários povos antigos, como os índios do continente americano. O hábito devia-se à crença de que as árvores eram a morada dos deuses: sempre que alguma culpa os afligia, os homens batiam no tronco para pedir perdão. Outra possível origem para a superstição liga-se aos druidas, os sacerdotes celtas, que davam seus toques-toques nos troncos para afugentar os maus espíritos por crer que as árvores mandavam os demônios de volta às profundezas.
Crendices e superstições: não passar debaixo de escada
De acordo com uma das teorias sobre a origem desta superstição, ela viria da associação entre o dogma cristão da Santíssima Trindade, que jamais deveria ser violado, e o triângulo formado pela sombra de uma escada encostada numa parede. Passar debaixo da escada seria como profanar o triângulo sagrado, um pecado gravíssimo e de consequências funestas. Outra hipótese é a de que a crença tenha surgido na Europa medieval, por causa dos ataques aos castelos. Como os invasores utilizavam escadas encostadas nos muros para invadir as fortalezas, a principal defesa era derramar óleo fervendo sobre os inimigos. Ou seja, quem estivesse debaixo da escada podia receber um banho fatal.
Crendices e superstições: quebrar espelho dá azar
Entre os antigos gregos, um popular método divinatório consistia em usar uma tigela com água para refletir a imagem da pessoa que queria saber sobre seu destino. Se, durante a consulta, o recipiente caísse e quebrasse, era sinal de que a pessoa morreria ou teria dias nebulosos pela frente. Os romanos adaptaram o oráculo grego e acrescentaram que o infortúnio se prolongaria por sete anos, tempo que duraria cada ciclo da vida. Quando os primeiros espelhos de vidro surgiram, ainda na Idade Média, a superstição passou também a ter função econômica: como eram objetos muito caros, os empregados eram avisados de que quebrá-los dava azar.
Outras crendices e superstições
Ferradura atrás da porta afasta o mau olhado;
Sal no fogo afasta visitas;
Varrer os rastros de uma pessoa afasta-a para sempre;
Derramar açúcar traz sorte;
Quando o grilo canta dentro de casa é sinal que se receberá dinheiro.
Crendices e superstições ligadas a namoro, noivado e casamento
A jovem que pega o buquê da noiva será a próxima a casar;
Varrer os pés de moça solteira, não casa naquela ano;
Moça que abre sombrinha dentro de casa fica “para titia”;
Quando a fumaça do cigarro forma um círculo é por que a pessoa amada está pensando na outra.
Ligadas à gravidez, ao nascimento ou recém-nascido
Não deve pular cerca, senão a criança nascerá aleijada;
Quando a grávida tem desejo e não é atendida, a criança nasce de boca aberta ou fica “babão”, e quem não atende fica com terçol;
Criança que ri dormindo está sonhando com os anjinhos;
Para passar soluço do nenê, deve-se colocar na testa do mesmo um fiapo de lã, de preferência vermelho; colar com a saliva da mãe.
Superstições gerais
Xícara virada com a boca para baixo atrasa a vida;
Chinelo ou sapato virado provoca a morte da mãe;
Enrolar as meias enrola a vida;
Varrer a casa à noite atrai desgraças;
Apontar para as estrelas faz nascer verrugas nos dedos da mão.
Enfim, o assunto é amplo e vamos seguir com ele na próxima!