O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., afirmou na manhã desta segunda-feira (23) que a Prefeitura da Capital “não vai tratar os usuários do SUS como gado, a exemplo dos trabalhadores do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf)”. A declaração foi dada durante cerimônia no Paço Municipal, após os servidores protestarem durante reunião na Câmara Municipal sobre a extinção do Instituto.
De acordo com Marchezan, o Rio Grande do Sul é um dos estados mais atrasados quando o assunto é contratualização de serviços na área da saúde. Como exemplo, ele citou municípios dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e afirmou que o RS, juntamente com Acre e Roraima, ainda não utiliza serviços públicos não estatais.
“Em Porto Alegre, nós temos leitos com filantrópicas que custam R$ 15 mil. E temos leitos com entidades estatais que custam R$ 115 mil, ou seja, deveria haver um apontamento para quem mantém, inclusive, serviços públicos estatais”.
Sobre o fechamento dos postos de saúde que ocorrem desde que o prefeito anunciou a extinção do Imesf, Marchezan ressalta que, se houvesse o processo de contratualização, “isso jamais estaria acontecendo, pois os servidores estão recebendo para trabalhar e estão deixando os ambientes de trabalho abandonados, sem ninguém para atender os pacientes”.
Marchezan disse ainda que os trabalhadores não estão cumprindo com o juramento que fizeram perante a profissão e os comparou a policiais militares que poderiam usar uma arma para coagir uma autoridade a lhes dar um aumento salarial.
Conforme ele, a prova de que a forma de contrato por meio de concurso público não é a correta, está sendo dada pelos próprios servidores do Imesf “que abandonam o trabalho para protestar”.
Atendimento prejudicado
Na manhã desta segunda-feira, 67 postos de saúde de Porto Alegre estiveram fechados e 18 com atendimento restrito, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). O motivo foi um protesto dos trabalhadores ligados ao Imesf, que participam de reunião na Câmara Municipal, que discute a extinção do Instituto. A sessão, promovida pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente, começou pouco depois das 10h. Ela contou com a presença do secretário adjunto da Saúde da Capital, Natan Katz.
Sob protestos, o secretário adjunto fez uma apresentação do que a gestão fez no período em relação à saúde da cidade e as alternativas que serão desenvolvidas para suprir a extinção do Imesf. Assim como o prefeito Nelson Marchezan Jr, Katz garantiu que os novos projetos da prefeitura não deixarão os cidadãos de Porto Alegre desassistidos. Houve protestos e vaias, diversas vezes, durante a fala do secretário.
Do lado de fora da Câmara de Vereadores, centenas de servidores promoveram um protesto. O manifesto bloqueou a avenida Loureiro da Silva, no sentido centro/bairro. Para acompanhar a sessão, a administração da Câmara disponibilizou 400 senhas. O público que conseguiu ingressar lotou as galerias do plenário Otávio Rocha.