O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reagiu ao comentário do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, sobre a democracia no País. O vereador publicou uma mensagem no Twitter dizendo que “a transformação que o Brasil quer” não vai acontecer na velocidade almejada por “vias democráticas”, o que provocou polêmica na noite de ontem. Alcolumbre rebateu a publicação afirmando que a democracia está fortalecida no Brasil e manifestou “desprezo” por comentários em sentido contrário. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
“O governo Bolsonaro vem desfazendo absurdos que nos meteram no limbo e tenta nos recolocar nos eixos. O enredo contado por grupelhos e os motivos cada vez mais claro$ lamentavelmente são rapidamente absorvidos por inocentes”, escreveu o vereador. De acordo com ele, os avanços vêm sendo ignorados e os malfeitores esquecidos” pela população.
“No Senado, o Parlamento brasileiro, a democracia está fortalecida, as instituições estão todas pujantes, trabalhando a favor do Brasil. Então, uma manifestação ou outra em relação a esse enfraquecimento tem da minha parte o meu desprezo”, disse Alcolumbre quando perguntado sobre o comentário. O presidente do Senado ressaltou que confia na democracia e nas instituições, e destacou que vem cumprindo um papel para dar “estabilidade” ao País.
Outras repercussões
Presidente nacional do Podemos, a deputada federal Renata Abreu, afirmou que é “lamentável” a declaração de Carlos. “Como deputada federal não posso aceitar esse comentário em silêncio, seja do filho do presidente da República ou de qualquer outro cidadão”. Nós do Podemos, defendemos sempre mais democracia, jamais menos”, disse. “Este é o único caminho”, respondeu a Carlos.
O ex-ministro da Fazenda e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT-CE) afirmou que “nós vamos ensinar a estes projetinhos de Hitler tropical que o Brasil não é uma fazenda deles e que a democracia é intocável”. “Pilantra!”, classificou, ao se referir ao filho do presidente.
O escritor Paulo Coelho, que escreveu que “mesmo sabendo que o Twitter não muda nada, simplesmente não pode se calar” diante dos recentes acontecimentos, afirmou, compartilhando matéria sobre o tuíte de Carlos, que “Flávio não tem coragem, Eduardo faz questão de mostrar arma para enfermeiros e Carlos assusta todo mundo”.
O deputado David Miranda (PSOL-SP), afirmou que não é tolerável que o filho do presidente, “parte dirigente atrapalhada do governo”, dê esse tipo de declaração, e questionou: “o que ele está sugerindo com isso?”.
Na mesma linha, o candidato derrotado à Presidência do PSOL, Guilherme Boulos, afirmou que Carlos “expressa o chorume mais autoritário e doentio”, e que ele pode “estar vocalizando um desejo de quem governa o País, por isso, deve ser enfrentado com firmeza”.
O relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), escreveu que “não há caminho que não seja pela democracia” e que “insinuar qualquer opção que não seja pelas vias democráticas é brincar com o Estado de Direito, que por sinal, é democrático e elegeu o presidente”. “Comentário infeliz e insensato do filho dele”, classificou.
A declaração de Carlos encontra pouco apoio nas redes. O irmão do ministro da Educação e assessor especial da Presidência, Arthur Weintraub, citou o falecido primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que disse que “a democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais”, para justificar a fala do filho do presidente. A deputada federal Carla Zambelli, do PSL de São Paulo, retuitou a postagem de Carlos.