O ex-deputado federal Indio da Costa, atualmente sem partido, foi preso hoje na Operação Postal Off, deflagrada pela Polícia Federal (PF). As investigações foram desencadeadas pela Delegacia de Combate à Corrupção da Superintendência Regional de Santa Catarina. Ao todo, foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva, dois no Rio de Janeiro.
A organização criminosa investigada atendia clientes com volume de postagem muito alto, com um fluxo elevado de objetos por mês. Os prejuízos aos Correios, de acordo com a Polícia Federal, podem chegar a R$ 13 milhões.
A prisão de Indio da Costa foi confirmada pelo advogado dele, Afonso Henrique Destri. Ele informou que o ex-deputado vai ser levado ainda hoje para o Presídio José Frederico Marques, em Benfica, zona norte da cidade, que é porta de entrada de presos no sistema penitenciário.
Indio da Costa foi relator, em 2010, da Lei da Ficha Limpa. O último cargo público que ocupou foi como secretário municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação na gestão de Marcelo Crivella.
Fraude pode ser maior
Para o delegado Christian Luz Barth, da PF de Santa Catarina, o prejuízo aos Correios pode ser bem maior. “A gente estima que esses valores vão subir, e muito, após a análise do material apreendido”, disse durante entrevista coletiva à imprensa para explicar a Operação e a ação da organização criminosa.
“Eles criaram uma sistemática que foi evoluindo com o tempo em que eles conseguiram colocar no fluxo postal dos Correios encomendas, cartas comerciais, sem faturamento ou então com faturamento muito abaixo do que efetivamente era postado”, revelou.
Para garantir o ressarcimento dos prejuízos causados aos Correios, a justiça determinou os bloqueios de contas bancárias e o arresto de bens móveis e imóveis, incluídos carros de luxo e duas embarcações, sendo uma delas, um iate avaliado em R$ 3 milhões. “Só com os bloqueios, para se ver o poder econômico da organização criminosa, de bens móveis e imóveis, embarcações inclusive, chegamos a uma cifra de R$ 40 milhões, que podem garantir o ressarcimento”, apontou.
Segundo Barth as apurações indicaram também que alguns cargos nos Correios tinham “preço” para facilitar a operação da organização. Ele afirmou que além de funcionários da estatal e laranjas, havia a participação de empresários com empresas também de fachada.
Apesar de não citar nomes, o delegado adiantou que entre os alvos dos mandados de prisão havia um “elemento político” sendo investigado.
Investigação
Segundo Christian Luz Barth, a investigação começou em novembro de 2018 em Santa Catarina, quando foi identificada a tentativa de uma organização criminosa de cooptar servidores públicos no estado. De acordo com o delegado, as investigações apontaram para duas bases da organização, uma no Rio de Janeiro e outra em São Paulo. “Observamos que Santa Catarina, na verdade, foi uma tentativa de chegar lá e começar a implementar os seus crimes. Basicamente estamos falando de fraudes contra os Correios”, disse.