CPMI das Fake News vai convocar Glenn, Moro e Dallagnol, revela presidente

Senador Angelo Coronel fala que objetivo é aferir teor de mensagens vazadas e publicadas pelo The Intercept Brasil

Foto: Divulgação

Um dia após ter instalado a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, o presidente do colegiado, senador Angelo Coronel (PSD-BA) revelou, nesta quinta-feira, que os primeiros convocados a prestarem esclarecimentos serão os atores envolvidos na série de reportagens do site The Intercept Brasil, que expôs diálogos entre agentes públicos, a partir do vazamento de mensagens hackeadas, levantando indícios de irregularidades em procedimentos da operação Lava Jato.

Além do editor do Intercept, jornalista Glenn Greenwald, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, serão escalados para explicar o episódio.

Em entrevista para o Esfera Pública, da Rádio Guaíba, Coronel relembra ter sido autor do requerimento que levou Moro a prestar esclarecimentos no Senado, em junho. No entanto, naquela oportunidade, o ministro alegou ter deletado as mensagens e rechaçado a possibilidade de acionar o aplicativo de mensagens Telegram, sublinhou o senador.

“Naquele momento, o ministro declinou. Ele não topou autorizar o Telegram a fornecer as mensagens. Eu também convidei o procurador Dallagnol para ir ao Senado, mas ele não foi. Mas, agora na CPI é diferente, você não convida, você convoca. As pessoas são obrigadas a comparecer”, afirmou. A intenção do senador é trazer luz ao episódio e aferir o teor das mensagens vazadas que, colocaram em xeque a Lava Jato.

Ao reconhecer como “complexa” a investigação das fake news, Coronel classificou a disseminação de notícias falsas como uma espécie de “câncer”. Por isso, o parlamentar espera contar com uma força-tarefa, com apoio da Polícia Federal, CIA, FBI e Interpol. Ele explica que os representantes das principais redes sociais, como Facebook, Instagram, Twitter, Google, Whatsapp e Telegram estão todos no exterior. Angelo Coronel afirmou ter conhecimento de escritórios que foram montados em Miami para criar notícias falsas e atacar alvos em território brasileiro.

“Se você fizer uma denúncia, nós vamos fazer com que essas redes sociais nos forneçam o IP da máquina para que a Polícia Federal vá ao encontro desse proprietário e o coloque na cadeia. Não precisa nem ser o criador da mensagem. Até o divulgador é sujeito a prisão, de dois a oito anos”, adverte.

Para dar maior celeridade às investigações, Angelo Coronel antecipou que subrelatores serão escalados para averiguar as fake news por assuntos como empresarial, pedofilia, política no passado e política futura, a contar da criação da CPMI.

Composta de 15 senadores e 15 deputados titulares e mesmo número de suplentes, a comissão vai ter 180 dias para investigar a criação de perfis falsos para influenciar as eleições do ano passado e os ataques cibernéticos contra a democracia e o debate público. Também serão alvos da mesma CPMI a prática de ciberbullying contra autoridades e cidadãos vulneráveis e o aliciamento de crianças para o cometimento de crimes de ódio e suicídio.