Ocorre, a partir das 9h30min desta terça-feira, em Porto Alegre, o júri popular de João Guatimozin Moojen Neto, de 28 anos, acusado de matar o filho, um bebê de três meses, e a enteada, de dois anos, além de tentar assassinar a ex-companheira, Bárbara Penna de Moraes Souza, mãe das duas crianças, hoje com 25. Moojen Neto ateou fogo à residência em que viviam, em novembro de 2013. Ele também responde pela morte do vizinho das vítimas, Mário Ênio Pagliarini, de 79 anos, que tentou salvar Bárbara e os filhos, sem sucesso.
O juiz Paulo Augusto de Oliveira Irion vai presidir o júri. O promotor José Eduardo Coelho Corsini representa a acusação e a Defensoria Pública responde pela defesa. A expectativa é de que o júri só termine na quarta-feira. Além do réu e de Bárbara, devem ser ouvidas sete testemunhas arroladas pela defesa.
Moojen Neto responde pelo homicídio qualificado tentado (emprego de fogo e recurso que dificultou a defesa da vítima) de Bárbara e pelos três homicídios qualificados consumados, das crianças e do idoso. Três gravantes – em função de os crimes terem sido praticados contra a mulher, duas pessoas menores de 14 e uma maior de 60 – podem aumentar a pena.
O caso se tornou uma das ocorrências de violência doméstica de maior repercussão na história recente do Rio Grande do Sul. Bárbara Penna teve de passar por mais de 200 cirurgias reparadoras e, dois anos atrás, fundou um Instituto, que leva o nome dela e cujo foco é a proteção a mulheres vítimas de violência.
Crime
O Ministério Público denunciou Moojen Neto em novembro de 2013 pelos crimes cometidos no dia 7 do mesmo mês. À noite, no interior do bloco C do prédio de número 150 da avenida Panamericana, no Jardim Lindóia, em Porto Alegre, o acusado, então aos 22 anos, ateou fogo no apartamento em que residia com Bárbara. Em seguida, jogou a mulher da janela, do terceiro andar do prédio. A vítima, de 19 anos, sofreu queimaduras graves em 40% do corpo e ficou meses internada na UTI. As crianças, que dormiam, morreram carbonizadas e o vizinho, intoxicado pela fumaça, caiu nas escadas antes de conseguir chegar ao imóvel que pegou fogo. O denunciado praticou os crimes porque não admitia o fim do relacionamento. A denúncia é assinada pelo promotor de Justiça Júlio César de Melo.