A Associação dos Oficiais da Brigada Militar (ASOFBM), em parceria com o Corpo de Bombeiros, lançou, na manhã desta quarta-feira, uma campanha de prevenção ao suicídio de policiais militares. A iniciativa inclui um vídeo com depoimentos de oficiais, psiquiatras e familiares, além de uma cartilha ilustrada sobre o tema.
De acordo com dados apurados pela associação, o afastamento laboral dos PMs por problemas psiquiátricos chega a 53%. No Rio Grande do Sul, entre 2008 e 2018, 50 brigadianos cometeram suicídio. Atualmente, a Brigada Militar conta com cinco psiquiatras para atender um efetivo de 19 mil homens. A ASOFMB destaca que, apesar da contratação de novos oficiais médicos, o projeto para avaliação psicológica do policial começa a se intensificar agora. De dois em dois anos deverão ser feitas avaliações para constatar se o profissional está apto para seguir com o trabalho. Antes, o exame psicológico só era realizado no momento em que a pessoa ingressava na corporação.
O presidente da ASOFBM, coronel Marcos Paulo Beck, destaca que o tabu impede que o policial procure ajuda. “Muitas vezes, até pela herança do Rio Grande do Sul, do machismo, ele [policial] não quer demonstrar aos colegas que está naquela situação. Com a campanha, queremos fazer palestras, contar com todos, com o comando da BM, dos bombeiros e demais corporações. Queremos alertar cada homem para que ele possa ver no outro esses problemas, identificar porque viu na cartilha, por exemplo”.
O coronel ainda destacou que, além da pressão psicológica do exercício da função, os atrasos de salários, a humilhação de não conseguir pagar as contas, o estresse de custodiar presos em viaturas e a soltura de detentos por parte da justiça contribuem para que o policial possa adquirir algum tipo de doença mental.