Um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela que aproximadamente 7 milhões de brasileiros menores de 18 anos (34,3%) admitem ter consumido bebida alcoólica na vida. Um milhão deles reconhece ter ingerido cinco ou mais doses, no caos dos homens, e quatro ou mais, no das mulheres, em uma única ocasião, nos 30 dias anteriores à pesquisa.
Os dados fazem parte do 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, que alerta ainda para a dependência de álcool entre adolescentes. Segundo os pesquisadores, 119 mil jovens entre 12 e 17 anos sofrem algum tipo de vício em álcool.
Mais de 100 milhões de brasileiros consumiram álcool uma vez na vida, sendo que a idade média do início do consumo é de 15,7 anos entre os homens e 17,1 anos entre as mulheres.
Sheila Niskier, médica do adolescente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que nessa faixa etária os indivíduos não desenvolveram completamente áreas do cérebro responsáveis pela tomada de decisões e planejamento. Até próximo aos 23 anos, essa área, chamada de córtex pré-frontal, ainda está em formação.
“O adolescente é só emoção. Ele não mede as consequências. Em muitos casos, especialmente dos meninos, o álcool é muito usado em festas para perder a inibição e poder se aproximar de uma menina que esteja interessado, por exemplo”.
Ela acrescenta que o uso exagerado da tecnologia gera insegurança nos adolescentes quando surge a possibilidade de interações sociais às quais não estejam habituados. O álcool surge como um aliado perigoso nessas horas.
“Quanto mais cedo iniciar qualquer vício, pior. Tudo vai ser muito mais exacerbado”, explica. Estar alcoolizado também expõe os jovens a riscos que não estão diretamente ligados à bebida, como acidentes e violência.
Cigarro e outras drogas
O uso de cigarro pelos adolescentes também é abordado no estudo. Segundo a Fiocruz, 1,2 milhão fumou cigarro industrializado pelo menos uma vez na vida, sendo que 477 mil relataram ter consumido nos 30 dias anteriores à pesquisa. O primeiro contato com o cigarro se deu na faixa dos 15 anos, em média, tanto para homens quanto para mulheres.
A parcela dos menores de idade que relataram já ter consumido alguma droga ilícita na vida (maconha, cocaína, crack, ecstasy, LSD, crack, entre outras) representa 4% da população entre 12 e 17 anos, ainda assim chega a 814 mil adolescentes. Nos 30 dias anteriores à pesquisa, foram 268 mil jovens.
Em 2015, o Estatuto da Criança e do Adolescente foi alterado e passou a punir com prisão de dois a quatro anos quem “vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica”.