Alunos dos 8º e 9º anos estão sem aulas de português na Escola Estadual de Ensino Fundamental Aldo Locatelli, em Porto Alegre. A professora titular da disciplina se aposentou em maio. O desligamento era previsto desde dezembro de 2018, mas nada foi feito pela Secretaria da Educação para cobrir a aposentadoria. A mesma situação é vista nas séries iniciais da mesma escola. A falta de dois profissionais desfalca as aulas de crianças no turno da manhã. Segundo a vice-diretora da instituição, Mariane Rocha Dias, os estudantes são apenas “cuidados” no local. “A gente distribui eles em outras turmas, porque nós não temos professores sobrando para ficar com eles”, afirma.
A denúncia foi encaminhada à Rádio Guaíba pelo CPERS, sindicato que representa os professores da rede pública estadual. Os problemas na escola, que fica no bairro Jardim Carvalho e atende quase 600 alunos na Zona Leste da capital, não param por aí. Um dos professores atua sob contrato vigente apenas pelo atual ano letivo. O educador não recebeu os salários de abril, maio e junho. A folha de julho, por sua vez, deve ser paga em agosto. No mês de dezembro, ele será desligado da escola.
O colégio Aldo Locatelli ainda trabalha com apenas uma merendeira. Quando a profissional falta, por motivos de saúde, os estudantes comem frutas e bolachas. A professora Mariane Rocha Dias explica que muitos dos alunos dependem da alimentação fornecida na escola, que é, muitas vezes, a principal refeição do dia. “Nós da direção que temos que oferecer a merenda”, explica a vice-diretora. Segundo a educadora, a Secretaria Estadual da Educação responde que não tem quem mandar à escola para suprir as vagas.
Os problemas da escola se juntam ao parcelamento de salários de servidores públicos, desabafa a vice-diretora. Mariane Rocha Dias ressalta que os professores e funcionários de escolas são “guerreiros” e lamenta pela situação dos alunos. “A escola acaba sendo só um depósito, que qualidade de ensino tu vais dar para uma criança que não tem um professor em sala de aula?”, questiona.
O Governo do Estado foi contatado para responder sobre a situação da Escola Aldo Locatelli e dos professores com contrato temporário. A Secretaria da Educação recebeu a demanda da reportagem, mas, até o fechamento do material, não respondeu às questões enviadas.