O inquérito para apurar o episódio do militar preso na Espanha com 39 quilos de cocaína após desembarcar de um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) deve ficar pronto em até 40 dias. A informação é do porta-voz da FAB, major Daniel Rodrigues, que concedeu entrevista à imprensa sobre o assunto hoje, em Brasília. De acordo com ele, o prazo para conclusão pode, excepcionalmente, ser prorrogado por mais 20 dias.
O resultado do inquérito deve ser encaminhado ao Ministério Público Militar (MPM), que pode, então, abrir uma denúncia-crime contra o sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues.
Preso na terça-feira em Sevilha, ao passar pelo controle alfandegário, o militar partiu do Brasil em missão de apoio à viagem presidencial ao Japão para a reunião do G20, integrando a tripulação de um avião reserva. O sargento é acusado de crime contra a saúde pública, categoria em que se encontra o delito de tráfico de drogas.
Perguntado sobre as circunstâncias do episódio, o representante da Força Aérea Brasileira reforçou que o inquérito corre em sigilo e que nenhuma informação sobre linhas de investigação ou fatos já apurados pode ser fornecida.
Medidas de segurança
O porta-voz do FAB informou que em missões como essa são adotados procedimentos de segurança, como verificação de bagagens, pela Aeronáutica. Ele reforçou a fala do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, segundo a qual a fiscalização dos tripulantes do voo não cabia ao GSI, mas à Aeronáutica.
Questionado sobre que procedimentos de segurança foram adotados no episódio, Rodrigues disse que esse é justamente um dos pontos que a investigação quer elucidar e que essas ações dependem da infraestrutura do aeroporto. “Em vista do ocorrido, essas medidas serão reforçadas. Foi criado grupo de trabalho para identificar vulnerabilidades em medidas de segurança existentes”, destacou.
Espanha e Brasil
As investigações ocorrem no Brasil e na Espanha. Segundo o porta-voz da FAB, o consulado do Brasil em Madri manteve contato com o sargento e com a família dele.
Em face das investigações sobre o caso, o militar pode ser condenado nos dois países. Contudo, se for objeto de condenação pela Justiça espanhola, o cumprimento da pena no Brasil depende de um processo de extradição.
Questionado sobre a possibilidade de extradição, o Ministério das Relações Exteriores reiterou as informações sobre apoio consular ao sargento e aos parentes dele, concedido “como no caso de qualquer brasileiro detido no exterior”.
O Itamaraty informou ainda que a Espanha já designou um advogado de defesa e que representantes do consulado em Madri estão em contato com autoridades policiais e judiciárias, mas que “não há outras informações disponíveis no momento”.