A força-tarefa da operação Lava Jato desmentiu a notícia divulgada, na noite dessa quinta-feira, de que seguiu orientação do então juiz e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e afastou de audiências a procuradora Laura Tessler. Diálogos sugerindo que isso ocorreu foram divulgados pelo site The Intercept Brasil e pelo blogueiro Reinaldo Azevedo.
Segundo a publicação, depois de receber reclamação do ex-juiz, o coordenador da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol, procurou o colega Carlos Fernando dos Santos Lima para falar do assunto. Os dois decidiram manter Laura em audiências somente se acompanhada dos procuradores Júlio Noronha e Roberson Pozzobon.
A força-tarefa da Lava Jato afirmou hoje que, “além de desrespeitosa, mentirosa e sem contexto”, a publicação de Reinaldo Azevedo não realizou a devida apuração e divulgou “movimento fantasioso de troca de procuradores”.
Segundo a nota, Laura participou de audiência em 13 de março de 2017, sobre o ex-ministro Antônio Palocci, e em todas as subsequentes do caso, realizadas nos dias 14, 15, 21 e 22 de março.
A nota também acusa a publicação do The Intercept Brasil de tendenciosa e de ter tentado “criar artificialmente uma realidade inexistente para dar suporte a teses que favoreçam condenados por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato”.
Ainda sobre Azevedo, a nota sustenta que “a suposta versão, que não resiste a uma mínima análise crítica diante dos fatos públicos, indica que a fábrica de narrativas político-partidárias baseadas em supostos diálogos sem autenticidade e integridade comprovadas somente leva à perda de credibilidade de quem delas se utiliza sem a devida apuração”.
A força-tarefa ainda considera a notícia “rasa, equivocada e sem checagem dos fatos” e garante que a atuação de Laura sempre foi “firme, técnica e dedicada” e contribuiu decisivamente para a condenações importantes.
“Ou seja, não houve qualquer alteração na sistemática de acompanhamento de ações penais por parte de membros da força-tarefa. Assim, os procuradores e procuradoras responsáveis pelo desenvolvimento de cada caso acompanharam as principais audiências até o interrogatório, não se cogitando em nenhum momento de substituição de membros, até porque todos vêm desenvolvendo seus trabalhos com profissionalismo, competência e seriedade”, finaliza a nota.
De acordo com reportagem do Intercept da semana passada, Moro se queixou a Deltan do desempenho de Laura Tessler e recomendou um treinamento à procuradora. Indagado sobre a sugestão pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS) Moro comentou, durante audiência no Senado, na quarta-feira passada: “Não tem nada de anormal nessas comunicações”. De acordo com o ministro, essa demanda não interferiu nos trabalhos do MP. “Tanto que essa pessoa continua e continuou realizando atos processuais e audiências”, disse.