
Denunciante do suposto esquema de candidaturas laranja do PSL em Minas Gerais, a deputada federal Alê Silva afirmou em depoimento à Polícia Federal que partiu do deputado estadual Coronel Sandro o alerta sobre a suposta ameaça, direcionada a ela, do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
Em entrevista exclusiva para a Record TV Minas, o parlamentar, também do PSL, confirmou a versão do depoimento da deputada e relatou que ouviu a ameaça do ministro, do mesmo partido, durante uma reunião.
“O assunto das investigações que estavam em andamento surgiu. Em dado momento, o ministro se mostrou muito incomodado com aquela situação, relatou que estava afetando a família e ele fez uma fala que julguei prudente dar conhecimento à deputada Alê Silva para que ela, se fosse o caso, de acordo com o entendimento dela, tomasse as precauções que ela julgasse que fossem necessárias”, disse.
Na condição de testemunha, Alê Silva prestou depoimento duas vezes à Polícia Federal, em Brasília e Belo Horizonte, e em ambas oportunidades confirmou a versão. De acordo com os depoimentos, ela recebeu uma visita do deputado Coronel Sandro em 1º de abril. Na ocasião, o colega disse ter ouvido do ministro, durante uma reunião, que “ia parar a sua vida para acabar com a vida da deputada Alê”.
“Então, essa frase, no contexto em que foi falada, eu fiquei preocupado, até com ele também, pela fala dita. Por isso que eu fui lá conversar com a deputada sobre isso”, afirmou.
Ainda segundo o depoimento, Alê Silva afirmou que Coronel Sandro se disse muito preocupado devido ao tom usado pelo ministro do Turismo, “muito agressivo”. Ela também confirmou, à Polícia Federal, ter sido a autora das denúncias sobre as candidatas laranja e que entregou toda a documentação a uma entidade do município de Coronel Fabriciano, que repassou ao Ministério Público.
Sobre as candidaturas do PSL, Alê Silva disse que, antes da eleição, esteve com coordenador de campanha, Roberto Soares, e que ele avisou que, para elas, o partido não pretendia repassar dinheiro. Robertinho Soares, como é mais conhecido, era assessor de gabinete de Marcelo Álvaro Antônio antes de ele assumir o ministério do Turismo.
Laranja
A investigação da Policia Federal mira pelo menos quatro candidatas laranja. Elas receberam verbas significativas do fundo partidário do PSL, mas conquistaram uma votação muito baixa. Parte da verba recebida parou em empresas de arte e gráfica pertencentes a aliados do ministro.
No início do mês, a Polícia Federal desencadeou a operação “Sufrágio Ostentação” na tentativa de aprofundar as investigações. A sede do PSL em Belo Horizonte virou alvo da operação.
Outro lado
Em nota enviada à reportagem, o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio disse que não teve acesso ao depoimento e que, portanto, não pretendia comentar o assunto. Ele afirmou ainda que “sempre agiu rigorosamente dentro da lei, segue à disposição para prestar todas as informações necessárias e ressalta que, há mais de dois meses, se ofereceu espontaneamente para prestar depoimento às autoridades do caso.”
A deputada federal Alê Silva reafirmou o que disse em depoimento. Destacou que o deputado Coronel Sandro é amigo e aliado político dela.
Procurado, Roberto Soares não atendeu às ligações.