Em meio à crise financeira que atinge o Rio Grande do Sul, a Assembleia Legislativa passou a questionar os salários a serem pagos aos indicados à Presidência e às cinco diretorias do Banrisul. O governo estadual avalizou o entendimento de que a cúpula do banco deve receber salários maiores, adequados à atual realidade do mercado financeiro.
Em fim de abril, a Comissão de Finanças, Planejamento e Controle da Assembleia sabatinou o futuro presidente, Cláudio Coutinho Mendes, e cinco diretores. Os seis tiveram as indicações aprovadas pela Comissão, mas para assumirem os cargos ainda dependem do aval do plenário. A votação era prevista para ontem, mas acabou adiada em função da falta de quorum, motivada pelas bancadas do PT e do MDB.
Conforme o projeto que encaminha as indicações, o valor do salário do presidente dobra, saltando de R$ 51 mil para R$ 123 mil. Já os futuros diretores devem passar a receber R$ 90 mil, em vez dos R$ 40 mil pagos na gestão anterior.
Em meio à polêmica, a bancada do PT protocolou documento manifestando posição contrária às indicações do presidente e de dois dos cinco diretores. Para o líder petista, deputado Luiz Fernando Mainardi, Cláudio Coutinho Mendes, Osvaldo Lobo Pires e Raquel Carneiro possuem trajetória profissional em comum no mercado financeiro do Rio de Janeiro, com atuação em ações de privatização. O deputado também critica a intenção do banco de aumentar a remuneração anual dos administradores de R$ 15 milhões para R$ 20 milhões.
“O currículo deles é fundamentalmente trabalhar com processo de privatização. Além disso, estão chegando aqui com salários completamente fora da realidade do Rio Grande do Sul. Salários de mais de R$ 100 mil para um presidente e de R$ 90 mil para diretores são um deboche para nós, gaúchos”, defende Mainardi.
Na Comissão de Finanças, a bancada do PT solicitou votação em separado para cada indicação, mas não teve o pedido acatado. Por isso, a bancada petista decidiu votar em bloco contra o projeto.
Já o deputado Sebastião Melo (MDB) usou a tribuna ontem, antes da retirada de quorum, para alertar sobre os riscos de efeito-cascata nos vencimentos dos demais conselheiros e diretores de subsidiárias do Banrisul. “O governo fala em transparência, mas muitas vezes não age com transparência”, considera.
Eduardo Leite ainda indicou Marcus Vinícius Feijó Staffen, Claise Muller Rauber e Fernando Postal para os demais cargos de direção do banco.