O Museu Americano de História Natural de Nova York anunciou, na tarde desta segunda-feira, que não vai mais sediar o evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos que homenageia o presidente Jair Bolsonaro. “Com respeito mútuo pelo trabalho e pelos objetivos de nossas organizações individuais, concordamos que o museu não é o local ideal para o jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos”, anunciou o museu pela conta no Twitter. As informações foram levantadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
No domingo, o museu já tinha dedicado publicações em português para ressaltar que Bolsonaro não foi convidado pelo museu para receber o prêmio, mas sim convidado como “parte de um evento externo”. A Câmara de Comércio escolheu Bolsonaro como “personalidade do ano”, em prêmio que é tradicionalmente entregue durante um jantar de gala realizado dentro do museu.
Desde a semana passada, o museu se tornou alvo de críticas pela homenagem ao brasileiro, principalmente por posições sobre políticas para o meio ambiente.
Na sexta-feira, o prefeito de Nova Iorque, Bill de Blasio, pediu o cancelamento da homenagem, prevista para 14 de maio. “Bolsonaro não é perigoso somente por causa de seu racismo e homofobia evidentes”, afirmou De Blasio na sexta, durante entrevista à emissora de rádio WNYC. “Infelizmente, ele também é a pessoa com maior poder de impacto sobre o que se passará na Amazônia daqui para a frente”, completou.
O assessor do presidente para assuntos internacionais, Filipe Martins, e o deputado estadual e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), comentaram a declaração de De Blasio, de que Bolsonaro é um “ser humano perigoso”.
“Surpresa seria uma toupeira dessas o elogiar”, escreveu Filipe Martins no Twitter. “Não há surpresa alguma em ver Bill de Blasio – um sujeito que colaborou com a revolução sandinista, que considera a URSS um exemplo a ser seguido e que faz comícios no monumento dedicado a Gramsci no Bronx – criticando o PR Bolsonaro.”
A premiação é concedida há 49 anos, com o objetivo de reconhecer sempre dois líderes, um brasileiro e um americano, pelo trabalho em torno da aproximação e relação entre os dois países. No ano passado, o brasileiro homenageado foi o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro. O americano que vai receber a homenagem, este ano, é o secretário de Estado, Mike Pompeo.
