A decisão da Petrobras de adiar por alguns dias o reajuste no preço do diesel, horas depois de ter anunciado um aumento de 5,7%, nessa quinta-feira, derrubou as ações da estatal no pré-mercado de Nova York e na B3, a Bolsa de São Paulo, nesta sexta. As perdas se aceleraram depois que o presidente Jair Bolsonaro admitiu que determinou a suspensão do reajuste no diesel.
Ao fim do pregão, a Petrobras perdeu R$ 32,4 bilhões em valor de mercado. As ações ordinárias fecharam em queda de 8,54%. Já os papéis preferenciais recuaram 7,75%. Com a queda, a estatal encerrou o dia valendo R$ 361,499 bilhões.
Em Nova York, as ações da petroleira fecharam com recuo de 9,29%. O Ibovespa fechou em baixa de 1,98%, aos 92.875 pontos, e, no mercado de câmbio, o dólar à vista fechou em alta de 0,83%, cotado a R$ 3,8884.
“Eu liguei para o presidente (da Petrobras, Roberto Castello Branco) sim. Me surpreendi com o reajuste de 5.7%. Eu não vou ser intervencionista, não vou praticar a política que fizeram no passado, mas eu quero os números da Petrobras. Tanto é que na terça-feira convoquei todos da Petrobras para me esclarecer porque 5,7% de reajuste, quando a inflação projetada para este ano está abaixo de cinco. Só isso, mais nada. Se me convencerem, tudo bem. Se não me convencerem, nós vamos dar a resposta adequada para vocês”, afirmou, em entrevista a jornalistas após inaugurar o terminal internacional do Aeroporto de Macapá.
O reajuste fica suspenso até que os técnicos da estatal justifiquem ao presidente a necessidade. Bolsonaro disse que há preocupação com reajuste dos combustíveis pelo impacto no setor de transporte de carga. “E eu estou preocupado com os caminhoneiros. São pessoas que realmente movimentam as riquezas de Norte a Sul, de Leste a Oeste, que têm que ser tratadas com o devido carinho e consideração. E nós queremos um preço justo para o óleo diesel”, acrescentou.
Já o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou, em entrevista à Rádio CBN, que a determinação do presidente Jair Bolsonaro de recuar na decisão se tratou de um “isolado”. Mourão disse crer em bom senso e que a política adotada do governo Dilma Rousseff (PT), que segurou os preços dos combustíveis para manter a inflação dentro da meta, não vai se repetir.
No mês passado, a Petrobras já havia anunciado reajustes, no mínimo, quinzenais no preço do diesel nas refinarias, que corresponde a mais da metade do preço final do produto na. A medida atendia a uma reclamação dos caminhoneiros contra reajustes a cada semana.