A palavra da moda na citricultura brasileira é sustentabilidade. O cultivo de plantas cítricas é um dos principais subsetores de mercado do agronegócio brasileiro e, nos últimos anos, tem protagonizado uma corrida na área de certificação socioambiental. Entre 2015 e 2018, o número de fazendas certificadas pelo Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) cresceu 500%, saltando de sete para 42 fazendas.
No Brasil, mais de 80 mil hectares (ha) com produção de citrus são certificados pela Rainforest Alliance (RA), selo verde encontrado em produtos agropecuários. Deste número, mais de 60 mil ha são auditados pelo Imaflora, principal organismo verificador das normas no Brasil. O País é o maior produtor de suco de laranja do mundo, com cerca de 60% do volume produzido globalmente. Os principais mercados importadores da commodity nacional são Europa, Estados Unidos, Japão e China.
E a exportação é uma das principais razões apontadas para o boom no número de fazendas certificadas, aponta o coordenador de certificação agrícola do Imaflora, Tharic Galuchi. Segundo ele, o mercado externo está exigindo garantias socioambientais cada vez mais rígidas, como melhoria de gestão, uso responsável dos recursos naturais e condições dignas de trabalho para assalariados e assalariadas rurais.
“A citricultura brasileira evoluiu muito em relação à sustentabilidade nos últimos anos. As grandes empresas e produtores têm se reposicionado e investido na redução de passivos ambientais e trabalhistas, que são escopos da certificação, dando melhores condições a trabalhadores e garantindo a conservação do meio ambiente”, afirma Galuchi.
A principal região produtora de laranja no Brasil é o cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais, composto por 349 municípios. Anualmente, são movimentados mais de US$ 14,5 bilhões, gerando US$ 6,5 bilhões de PIB (Produto Interno Bruto), US$ 180 milhões em arrecadação de impostos e 200 mil empregos diretos e indiretos, segundo a CitrusBR, organização do setor.
A produção de citrus certificada pelo Imaflora ultrapassa um bilhão e meio de quilos de frutas/ano. As principais culturas são laranja e limão.
“Por ser o maior produtor e exportador de suco de laranja do mundo, o sistema produtivo brasileiro é visto de forma estratégica por compradores e indústrias internacionais. E o crescimento da certificação socioambiental no País revela que os produtores locais têm se preocupado com essas questões e melhorado seu desempenho, oferecendo benefícios sociais e ambientais no campo”, acrescenta o coordenador.
SAFRA 2018/2019 – Segundo a Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), a safra de laranja 2018/19 do parque comercial citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais deve atingir 273,34 milhões de caixas de 40,8 quilos este ano.
RA – A norma para uso do selo Rainforest Alliance foi desenvolvida pela Rede de Agricultura Sustentável (RAS), composta por organizações internacionais conservacionistas e independentes. A certificação é aplicada em fazendas de todos os tamanhos e localizações, sejam individuais ou em grupos organizados em cooperativas, associações e outras formas de união de produtores. Com a avaliação da fazenda, o sistema da RA permite certificar praticamente todas as culturas agrícolas (café, cacau, chá, cana-de-açúcar, laranja, frutas e palma) e a pecuária de corte e de leite. A rastreabilidade da produção certificada é garantida pelo sistema de Cadeia de Custódia realizada em armazéns, indústrias e exportadoras.
IMAFLORA – O Imaflora é uma Organização Não Governamental, sem fins lucrativos, que trabalha para promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e para gerar benefícios sociais nos setores florestal e agropecuário. Com atuação nacional e participação em fóruns internacionais, foi fundado em 1995 e tem sede em Piracicaba, interior de São Paulo. Saiba mais: www.imaflora.org