Em meio ao clima de preocupação instalado no agronegócio nacional depois que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou a abertura de um escritório comercial em Jerusalém, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, classificou como “sensato” o recuo do mandatário brasileiro de não transferir, de imediato, a embaixada do Brasil em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém.
O tema é considerado delicado porque o mundo árabe abocanha quase 50% do frango exportado pelo Brasil. Anualmente, os países islâmicos respondem pela movimentação de mais de U$ 3 bilhões ao ano em importação de carne brasileira. Ex-ministro da Agricultura, Turra considera que Bolsonaro reviu a promessa inicial de campanha, de trocar a embaixada de cidade, depois que lideranças do agronegócio reforçaram a importância do mundo árabe para as relações comerciais do Brasil.
“É assim que funciona um governo. As vezes você entra, chega com uma ideia, mas quando você monta a sua equipe, alguém chega ao seu lado e diz de cantinho: ‘olha, eu recebi um alô, com dados que mostram que é perigoso’. É óbvio, que um governante sensato, ele recua, posterga e espera”, avaliou.
O presidente da ABPA defendeu, ainda, que a criação de um escritório comercial, anunciado em Israel, se repita em outros países para fomentar ainda mais as exportações.
Durante o impasse, a Autoridade Nacional Palestina, que também reivindica Jerusalém como capital, criticou a decisão referente ao escritório e convocou o embaixador no Brasil para discutir a medida anunciada pelo governo.
A fim de evitar maiores percalços, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, divulgou hoje que se reúne na próxima quarta-feira com 51 embaixadores de países árabes a fim de confirmar a intenção do governo brasileiro de intensificar parcerias comerciais com a região.