Às vésperas de o governo do presidente Jair Bolsonaro completar 100 dias, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) criticou, nesta segunda-feira, a falta de habilidade política do Planalto em relacionar-se com o Poder Legislativo. Para Kataguiri, um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), Bolsonaro vem se envolvendo em polêmicas desnecessárias e precisa se empenhar mais em aprovar a Reforma Previdência no Congresso.
“Eu acho que o governo precisa melhorar muito sua interlocução com a Câmara dos Deputados e precisa melhorar muito na comunicação da Reforma Previdenciária. Muitas pessoas ainda têm a percepção, errada, de que há perdas de direito”, adverte Kataguiri.
O parlamentar ainda considerou que a troca de ofensas no Twitter com a líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), foi mais uma “canelada do governo”. Em entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, o deputado federal mostrou-se “bastante receoso e cético” ao afirmar que a reforma não deve ser votada no curto prazo.
“Uma das coisas que eu tenho falado é de que o governo Bolsonaro é uma espécie de campeonato de futebol que começa pela final, onde a final é a Reforma da Previdência. Ela ainda não foi a votação e, pelo andar da carruagem, eu acho que o cronograma do governo não vai ser seguido, sendo votado nos seis primeiros meses. Eu duvido muito que isso aconteça”, considera.
Defensor de que a reforma seja implementada, sem distinção, entre contribuintes civis e militares, Kim Kataguiri entende que, se a proposta não for aprovada, o país fica exposto a uma crise financeira e econômica sem precedentes. “As perspectivas de não aprovação são as piores possíveis. Se não aprovar a Reforma da Previdência nós vamos viver uma crise pior que a do governo Dilma, porque o governo Dilma ainda tinha vantagem de ter mais dinheiro em caixa. Se não houver aprovação, o dólar pode bater até R$ 6, num cenário apocalíptico”, estima.
Se for aprovada pela Comissão e Constituição e Justiça (CCJ), a PEC da reforma segue para uma comissão especial e, só depois, à votação em plenário da Câmara, onde precisa do apoio de ao menos 308 dos 513 votos em dois turnos de votação.
Ainda durante a entrevista, Kim Kataguiri destacou como ponto positivo da gestão Bolsonaro, o perfil técnico de ministros e secretários das áreas da economia, justiça, agricultura e saúde. Contudo, o deputado defende maior celeridade nas investigações do Caso Queiroz, que pode implodir o mandato do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). “Não faz sentido a demora para os esclarecimentos deste caso. A gente viu uma narrativa que, até onde consta, não se encaixa”, pondera.