O número de casos autóctones de dengue, quando o paciente adoece sem viajar – já supera o de casos importados, em 2019, no Rio Grande do Sul. A comparação leva em conta o levantamento oficial, divulgado semanalmente pela Secretaria Estadual da Saúde, e o balanço publicado pela Prefeitura de Porto Alegre.
O relatório estadual, com 53 casos confirmados, lista, até 23 de março, 27 registros importados e 26 autóctones de dengue. Esse quadro, porém, só considera sete casos autóctones em Porto Alegre, onde o total já chega a 12, conforme a Prefeitura.
Dos 58 casos relatados pelas autoridades, 31 envolvem moradores que contraíram o vírus sem viajar para outras regiões do País – o que deixa as equipes de Saúde em alerta. Em 2018, o Rio Grande do Sul não registrou casos autóctones de dengue e, em 2017, só duas ocorrências, até essa mesma época do ano. Ainda assim, o total de 2019 ainda fica longe do registrado nos dois anos anteriores: 1044 casos autóctones, em 2015, e 2159, em 2016, até a metade da segunda quinzena de março.
Em Porto Alegre, os 12 casos autóctones de 2019 ocorreram na mesma região: o bairro Santa Rosa de Lima, que recebeu hoje duas aplicações de inseticida, pela manhã e à tarde. A segunda cidade gaúcha com mais casos do tipo é Santa Rosa, com 4, seguida de Panambi (3) e Santo Ângelo (2).
O combate ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti, busca conter, ainda, a proliferação de mais duas enfermidades: o zika vírus, que até agora registra um caso autóctone confirmado, em Gravataí, e a febre chikungunya, que teve um caso importado notificado em Porto Alegre.
Saiba mais
A transmissão de dengue, zika e chikungunya ocorre pela picada da fêmea do Aedes aegypti. Com hábitos diurnos, o mosquito se alimenta de sangue humano, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. Com menos de um centímetro de tamanho, o inseto é escuro, com riscos brancos nas patas, na cabeça e no corpo. Para se reproduzir, ele precisa de locais com água parada, que é onde deposita os ovos. O verão, com as altas temperaturas e o aumento das chuvas, é propício para a proliferação do inseto. Por isso, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) reforça que o cuidado para evitar a proliferação busca eliminar esses possíveis criadouros, impedindo a proliferação.
Entre as medidas, recomenda-se:
– Tampar caixas d’água, tonéis e latões;
– Guardar garrafas vazias viradas para baixo;
– Guardar pneus sob abrigos;
– Não acumular água nos pratos de vasos de plantas e enchê-los com areia;
– Manter desentupidos ralos, canos, calhas, toldos e marquises;
– Manter lixeiras fechadas;
– Manter piscinas tratadas o ano inteiro.
Infestação
A infestação por Aedes aegypti no Rio Grande do Sul passou de 62 municípios em 2010 para 339 atualmente. Isso cobre hoje uma população de cerca de 10 milhões de pessoas, ou quase 90% da população.
Principais sintomas da dengue:
– Febre alta (maior que 38,5° C), de início abrupto e que dura entre dois e sete dias;
– Dores musculares intensas;
– Dor ao movimentar os olhos;
– Mal-estar;
– Falta de apetite;
– Dor de cabeça;
– Manchas vermelhas no corpo;
– Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).