Guedes garante não ter apego ao cargo, mas descarta saída após “primeira derrota”

Declarações influenciaram a alta do dólar e a queda do índice B3, da Bovespa

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje que não é irresponsável a ponto de deixar o governo após sofrer a primeira derrota. Ele, no entanto, declarou não ter “apego ao cargo”, e afirmou que pode deixar o governo caso o presidente da República, os partidos e os parlamentares rejeitem a agenda econômica que propõe.

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, a senadora Eliziane Gama (PPS-MA) perguntou se Guedes pode deixar o cargo caso a reforma da Previdência seja aprovada com uma economia inferior à meta de R$ 1 trilhão.

O ministro disse acreditar na “dinâmica virtuosa” da democracia e declarou que não pretende deixar o governo na primeira dificuldade. Ele, no entanto, disse que há limites e que o dele é avaliar se está contribuindo com soluções.

“Eu venho para ajudar, aí o presidente não quer, o Congresso não quer. Vocês acham que eu vou brigar para ficar aqui? Estou aqui para servi-los. Não tenho apego ao cargo, desejo de ficar a qualquer custo, como não tenho inconsequência e irresponsabilidade de sair na primeira derrota, não existe isso”, respondeu Guedes. No fim da tarde, as declarações influenciaram a alta do dólar e a queda do índice B3, da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Histórico
Na cerimônia de transmissão de cargo, em 2 de janeiro, Guedes tinha dito que “é muito fácil fazer alguém desistir em Brasília”. Na audiência de hoje, o ministro afirmou que deixa o cargo somente em último caso, se não tiver apoio nem do presidente Jair Bolsonaro.

“Se o presidente apoiar as coisas que eu acho que podem resolver o Brasil, eu estarei [no governo]. Agora, se o presidente ou a Câmara ou ninguém quer aquilo, eu vou dificultar o trabalho dos senhores? De forma alguma. Voltarei para onde sempre estive. Tenho uma vida fora daqui”, acrescentou.

Audiência
Durante a audiência, o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), cobrou de Guedes e da área econômica uma nota técnica para explicar a importância da reforma da Previdência para os parlamentares do partido do presidente da República.

O ministro se envolveu em uma confusão com a senadora Kátia Abreu (PDT-TO). A parlamentar tentou interrompê-lo em meio aos esclarecimentos e ele não permitiu, dizendo que a senadora, inscrita no bloco seguinte de perguntas.

O ministro disse ao presidente da CAE, senador Omar Aziz (PSD-AM) que era necessário “ter alguma disciplina” na audiência. Aziz defendeu Kátia Abreu, dizendo que ela é uma representante do povo e tinha direito a falar e fazer pequenas interrupções.