Deputados e senadores repercutiram a prisão de do ex-presidente Michel Temer nesta quinta-feira. Para o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara, a prisão não foi uma surpresa, já que, segundo ele, “havia indícios de que ele chefiava uma organização criminosa”. Molon já defendia a prisão do ex-presidente desde 2017. Deputado não acredita que prisões sejam retaliação de Moro a Maia.
“Finalmente a Justiça começa a ser feita. Trata-se do chefe de uma quadrilha e vários de seus comparsas já estão presos. Por duas vezes aqui na Casa tentamos fazer com que ele respondesse pelos seus delitos durante o exercício Presidência da República, mas ele usou do seu cargo para impedir que denúncias avançassem. Felizmente, agora ele começa a responder pelos crimes que cometeu e que já sabíamos. A prisão não foi surpresa, aguardávamos que isso acontecesse desde 1 de janeiro, quando ele deixou o Planalto já que eram muitos indícios e provas de seu envolvimento em crimes e numa organização criminosa que pelo meu ver ele chefiava. Não acredito que tenha impacto aqui na Casa”, avaliou.
Para o senador Major Olímpio (PSL-SP), um dos maiores aliados do presidente Jair Bolsonaro na casa, a prisão é um sinal que o País está mudando e que todos devem pagar pelos seus crimes. Ele aproveitou para manifestar o seu apoio à CPI Lava Toga, que irá investigar membros do Judiciário.
“O Brasil está mudando realmente, a Justiça será para todos. Uma grande expectativa para o povo brasileiro. Nesse momento com a prisão do ex-presidente Michel Temer e de alguns dos seus ministros daremos a certeza ao povo brasileiro que estão no caminho da lei ser cumprida. Tem que passar a limpo o País, cadeia para todos aqueles que dilapidaram o patrimônio do povo brasileiro, envergonharam o povo brasileiro e têm que pagar na Justiça, não interessa se é do Poder Executivo, Legislativo e até do Judiciário. Por isso apoiamos a CPI Lava Toga”, afirmou.
Para o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) as prisões desta quinta-feira não devem ser vistas como uma retaliação do ministro Sérgio Moro ao presidente da Casa Rodrigo Maia (DEM-RJ). Nessa quarta, Maia e Moro trocaram farpas em função da tramitação do pacote anticrime de Moro. Moreira Franco é casado com a sogra de Rodrigo Maia, padrasto, portanto, de sua mulher.
“Fruto de investigação da Lava Jato, uma prisão preventiva tem que estar fundamenta num crime continuado, numa obstrução à Justiça e se fruto da delação do Sobrinho, nós todos imaginávamos que isso podia acontecer. Da forma que veio essa delação que demostra claramente um envolvimento do gabinete da Presidência da República e se houve a continuidade, obstrução da Justiça, ou destruição de provas, a prisão poderia acontecer a qualquer momento. Acabou acontecendo no dia de hoje, por coincidência no dia posterior a uma eventual disputa, litígio, entre o presidente da Casa e o ministro da Justiça Sérgio Moro. Mas não vejo nenhuma ligação efetiva nisso até porque todo mundo sabia que o ex-presidente sofria investigações e as delações estavam aí. Parece que foi uma delas que ensejou a prisão de hoje do ex-presidente e dois de seus ministros próximos”, analisou.