O tempo bom e as águas mais quentes atraem não apenas os banhistas para beira-mar. Outros frequentadores assíduos são as águas-vivas, ou mães d’água como são conhecidas no Rio Grande do Sul. Até o dia 23 de fevereiro foram registradas 99,5 mil casos de queimaduras provocadas pelo contato com os animais. Somente em Torres, no litoral Norte, os guarda-vidas atenderam a 9,8 mil casos.
O comandante do grupamento de guarda-vidas de Torres-Arroio do Sal, major Deoclides Silva da Rosa, se mostrou surpreso com o número de casos neste ano. “Eu acho que só tivemos algo parecido em 2015 e 2016.” Para ele, as águas mais quentes e limpas podem ser a explicação para tantos casos. “Não há um motivo específico, mas pela minha experiência, com a temperatura da água subindo cresce o número de águas-vivas.”
A pequena Isadora Seteffens, 7 anos, foi uma das vítimas. Ela estava acompanhada do pai, Marcos Seteffens, 42 anos, quando foi atingida na perna no início da tarde. Para tentar amenizar a dor e os efeitos da queimadura o jeito foi apelar a uma receita caseira, vinagre. O produto é oferecido nas guaritas de guarda-vidas.
Isadora não teve apenas uma, mas duas queimaduras em dois dias. A mais antiga deixou uma marca bastante saliente na perna direita da menina. De acordo com Marcos, os acidentes não tiraram a vontade da criança de brincar na água, mas aumentaram a “atenção” durante os banhos de mar.
Está é a terceira vez que a família Steffens, natural de Canoas, esteve no litoral, nesta temporada de veraneio. As outras visitas aconteceram nos meses de dezembro e janeiro. Marcos ficou com a sensação de que esta terceira passagem foi a mais perigosa pela quantidade de águas-vivas. “Acho que agora está pior, nas outras vezes não tinham tantas.”
A presença de águas-vivas é constante em toda a costa, como destaca o major Rosa. “Não é algo que tem só aqui nesse ponto sinalizado, mas em todo o mar é preciso ter cuidado”. Todos os locais com a presença do animal são sinalizados pelos guarda-vidas. A orientação de Rosa aos banhistas é clara “onde está sinalizado o melhor é não entrar”, o que raramente é cumprido pelos banhistas.