Desfiles de Carnaval de Porto Alegre devem acontecer mesmo com a penhora de verbas de bilheteria

Escolas já recorreram da decisão judicial

Foto: Guilherme Testa / CP Memória

O presidente da Escola Imperadores do Samba, Érico Leoti, acredita que os desfiles de Carnaval de Porto Alegre devem ocorrer neste ano mesmo com a penhora das verbas da bilheteria determinada pela Justiça. Na semana passada, a juíza Ema Denize Massing expediu um mandato permitindo a penhora, no valor total de R$ 100.357,85.

A quantia diz respeito ao pagamento de uma dívida da Liga Independente das Escolas de Samba de Porto Alegre (Liespa) ainda do Carnaval de 2017. Além da penhora do dinheiro em espécie, a magistrada determinou que a empresa Pagseguro bloqueie o repasse das quantias recebidas pelas máquinas de cartão de crédito.

“A decisão não nos deixa pessimistas. Já recorremos e estamos buscando equiparação jurídica. Pedimos que continue a parceria do povo, que atendam nosso chamado. Os desfiles não estão ameaçados. Estamos com uma mobilização muito forte”, comentou Leoti.

O presidente diz que recebeu com surpresa a decisão, já que a Liespa não está mais envolvida na organização do evento. Conforme o presidente da Liga, Juarez Gutierres, havia expectativa de financiamento privado para a festa popular, mas os projetos não se concretizaram. Os passivos a pagar, referentes ao último evento organizado, são o impeditivo para a organização da nova celebração. “Até em respeito à comunidade carnavalesca, decidimos que não poderíamos nos comprometer com o projeto, que tem um custo muito alto”, comentou Gutierres.

O evento deste ano está a cargo da União das Escolas de Samba do Grupo de Acesso do Carnaval de Porto Alegre (UECGAPA) e outras seis escolas do grupo especial. A venda dos camarotes foi a alternativa encontrada para o financiamento da montagem das arquibancadas.

Para Lioti, “a penhora é injusta, já que o dinheiro das vendas não vai para nenhuma escola de samba ou organização. Nós estamos realizando o evento sem uma fonte de renda. A venda dos camarotes vai para a montagem das arquibancadas. Além de injusta, a medida é descabida, pois vai retirar valores significativos para pagar a dívida de uma entidade que não está envolvida no evento”.

Já foram retidos cerca de R$ 6,5 mil em espécie. Ainda não há informações sobre a quantia penhorada da venda por cartão de crédito. Os valores dos camarotes no Porto Seco variam de R$ 500 a R$ 1,5 mil.