O secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho (PP), elencou como uma de suas prioridades equalizar a utilização do herbicida 2,4-D em solo gaúcho. O agrotóxico é recomendado pelo alto desempenho na eliminação de ervas daninhas nas plantações de soja. No entanto, produtores de uva e outras frutas vêm contabilizando prejuízos decorrentes da redução de produção e até da morte de plantas, possivelmente provocados pela deriva do 2,4-D.
Hoje, o agroquímico é permitido por três órgãos reguladores, Anvisa, Ibama e Ministério da Agricultura, desde que não seja aplicado em condições de vento e temperatura inadequada. Porém, como a má aplicação do 2,4-D já afetou diferentes parreirais no Estado, Covatti Filho pretende reunir lideranças das cadeias da soja e uva para tentar equalizar a questão.
“É uma situação que interfere em duas culturas que são muito importantes para nossa agricultura. Neste sentido, eu vou ter que ser um algodão entre os cristais para ver se a gente acha a melhor saída tecnicamente para não prejudicar nenhum dos setores”, diz.
No fim de 2018, vitivinicultores do Rio Grande do Sul contabilizaram perdas de até 70% da produção de uva devido à contaminação de suas parreiras pelo herbicida, usado nas plantações de soja.
Nesta semana, uma amostra coletada por fiscais da Pasta da Agricultura apontou a presença do princípio ativo do herbicida 2,4-D em uma área urbana de Santana do Livramento. A coleta foi feita em um cinamomo no Centro da cidade após as árvores do local terem apresentado sintomas semelhantes aos que atingiram parreiras e outros pomares em várias cidades gaúchas.
A informação constará no relatório que será entregue pela Secretaria ao Ministério Público Estadual (MP) na próxima segunda-feira. O levantamento também contará com os resultados laboratoriais de 80 amostras coletadas em 56 propriedades de 23 municípios. Até esta sexta-feira, dos 67 laudos que a Agricultura havia examinado, apenas 3 não apontaram a presença de resíduos do herbicida – uma na zona rural de Monte Alegre dos Campos e duas em zonas urbanas de Bagé e Dom Pedrito.